Depois de 16 anos de experiência em jornalismo, Fernando Scheller quis fazer algo diferente: escrever seu primeiro livro de ficção. “O Amor Segundo Buenos Aires”, um romance ambientado na capital argentina, é lançado este mês pela editora Intrínseca e aborda as diversas relações de amor e amizade feitas durante uma vida.
“Escrevi um livro de não-ficção (o autor se refere ao livro “Paquistão, viagem à terra dos puros”, publicado em 2010 pela editora Globo) e gostei muito da experiência. Queria escrever outro, mas que fosse algo diferente”, conta o jornalista.
O livro narra a história de Hugo, um brasileiro que se muda para Buenos Aires para acompanhar sua namorada, Leonor, que busca uma aproximação com o pai argentino. A mudança cria uma nova vida para Hugo, que além de se apaixonar pela cidade, cria novas amizades e laços fortes com pessoas e espaços, a ponto de não conseguir mais se imaginar em outro lugar que não ali. E, mesmo que seu relacionamento com Leonor acabe e ele descubra uma grave doença, seu relacionamento com a cidade continua.
Amar Buenos Aires, que é uma cidade decadente, que tem seus problemas, é um amor de verdade. É como amar uma pessoa, que também tem seus defeitos
Scheller opta por uma estrutura não tradicional para narrar essa história: cada capítulo é escrito por um personagem diferente, permitindo que o leitor tenha acesso a vários pontos de vista - ouvimos a voz de Hugo, de seu pai (que o segue para Buenos Aires assim que sabe que está doente), Eduardo (amigo que o acompanha por dias de tratamento no hospital), sua ex-namorada Leonor e vários outros personagens que aparecem pelo caminho.
A intenção do autor foi retratar uma rede de relações interpessoais que chamou de “ciranda de amizades e afetos”, ou seja, a aproximação e o afastamento entre as pessoas ao longo do tempo. “Queria escrever sobre pessoas que conheci e sobre pessoas que queria conhecer”, conta Scheller.
Inspiração
Scheller conta que a vontade de escrever o livro veio de uma cena entre um casal que viu quando estava em Buenos Aires durante uma viagem de férias. Aos poucos a história tomou forma e ele decidiu que era hora de escrever um novo livro.
Já que a inspiração para o livro veio da cidade, o autor resolveu fazer dela seu cenário - cada uma das cenas do livro é localizada em uma rua, praça, café, feira e outros espaços reais de Buenos Aires. O espaço é tão presente na narrativa que chega a se tornar um personagem da história.
Durante três anos, voltou para a cidade seis vezes para pesquisar e escrever a obra - a última das viagens durou dois meses. “Não tinha tempo e energia para escrever em São Paulo (onde Scheller mora atualmente), então fugia para lá”, conta.
Além disso, o autor vê em sua relação com Buenos Aires um paralelo com o amor: “Amar Buenos Aires, que é uma cidade decadente, que tem seus problemas, é um amor de verdade. É como amar uma pessoa, que também tem seus defeitos”, explica.
Influências
Quando perguntado sobre suas influências literárias, Scheller assume que, como leitor, valoriza mais os livros que contam uma boa história e que têm bons personagens do que livros que trabalham mais com a forma. “O que me pega mesmo é a trama”, diz. Entre os favoritos dos últimos tempos estão o Liberdade, de Jonathan Franzen (Companhia das Letras, 2011) e Stoner, de John Williams (Rádio Londres, 2015).
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