O cinema paranaense está mesmo em boa fase. Dois longas-metragens estão entre os selecionados para a mostra competitiva Première Brasil, na categoria de documentários, do Festival do Rio, que começa hoje na capital fluminense e se estende até 10 de outubro: A Gente, de Aly Muritiba, e Cativas, de Joana Nin.
Depois de receber dezenas de prêmios nacionais e internacionais por A Fábrica, que chegou a ser um dos nove pré-selecionados para o Oscar de melhor curta-metragem de ficção, Aly Muritiba, baiano que construiu a carreira de cineasta em Curitiba, ganhou neste ano, com O Pátio, o prêmio de melhor curta-metragem no É Tudo Verdade Festival Internacional de Documentários, em São Paulo, e foi selecionado para a Semana da Crítica do Festival de Cannes 2013.
Com o longa-metragem A Gente, Muritiba encerra A Trilogia do Cárcere, desta vez tomando como foco não os presos, mas a figura do agente penitenciário, função que exerceu na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, entre 2005 e 2010.
"As pessoas acreditam que o inimigo potencial do agente é o preso, e vice-versa, mas não é verdade", diz Muritiba. Para ele, tanto um quanto outro tem um opositor em comum: o sistema penitenciário, cuja burocracia e falta de operacionalidade impedem que profissionais façam o trabalho como gostariam.
A Gente, que terá sua exibição oficial no Festival do Rio no dia 5 de outubro, no Cine Odeon, tem como personagem central Jefferson Walkiu, hoje com 34 anos, agente de carreira que é promovido à função de inspetor, posição de comando na Casa de Custódia. O filme é narrado da perspectiva de Walkiu, do ponto de vista de alguém que vê seus planos serem frustrados um a um.
Realizado com um orçamento estimado em R$ 50 mil, A Gente ainda não tem data de lançamento comercial. Deve, primeiro, percorrer o circuito de festivais nacionais e internacionais, e Muritiba espera que a participação da competição carioca ajude o filme a encontrar um distribuidor.
História de amor
Embora tenha em comum com A Gente a inserção no universo prisional, Cativas, que terá sua exibição oficial neste domingo, 29, também no Odeon, não é um filme sobre o sistema penitenciário em si. Para a diretora Joana Nin, o longa-metragem é mais um documentário sobre o amor.
Vencedora de inúmeros prêmios com o curta-metragem Visita Íntima (2005), a realizadora, que hoje vive entre Curitiba e o Rio de Janeiro, conta que o desejo de fazer um longa já existia desde o primeiro trabalho, mas não havia disponibilidade de recursos para isso, já que era uma diretora estreante.
Cativas narra a história de sete personagens, mulheres que vivem romances com detentos da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara. O filme, cujo orçamento está estimado em R$ 680 mil (ainda não totalmente captados), foi selecionado pelo Conta Cultura, edital de fomento estadual, através do qual recebeu R$ 300 mil da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Também firmou com o GNT contrato de coprodução, com um aporte de R$ 80 mil. O canal pago irá exibir o filme depois de seu lançamento nos cinemas, o que deve ocorrer em 2014, também após o documentário percorrer o circuito de festivais dentro e fora do país.
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