Bondinho faz parte do projeto Curitiba Lê
Desde dezembro de 2006, Curitiba Lê, projeto de fomento à leitura, funciona na capital paranaense. A proposta surgiu depois que o presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Paulino Viapiana, pediu à sua equipe um plano de ação que viabilizasse frutos.
Bruna Rodrigues da Silva, de 24 anos, saiu de casa decidida a comprar obras sobre contação de histórias. Na última sexta-feira, ela encontrou o que desejava na Livrarias Curitiba da Boca Maldita. Menos de cem passos depois, na esquina da Rua XV com a Ébano Pereira, a contadora de histórias se deparou com o Bondinho, atualmente, uma biblioteca com 1.500 títulos. Sem titubear, entrou no local, revitalizado pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e, em menos de cinco minutos, fez o cadastro.
Bastou apresentar um documento com fotografia, no caso dela, a carteira de motorista, e um comprovante de residência atualizado. Desde então, Bruna, e outros 146 cadastrados, podem emprestar dois títulos por vez, e ficar com eles durante duas semanas.
O Bondinho da Leitura, nome do vagão no qual já funcionou um espaço que recebia crianças para atividades recreativas, está de portas abertas desde o dia 20 de novembro. Mais de uma centena de pessoas passa por lá diariamente. A reportagem da Gazeta do Povo visitou a biblioteca da Rua XV na última sexta-feira, do meio-dia às 15 horas. Naquele intervalo, aproximadamente 50 pessoas, entre as quais Bruna, entraram para se cadastrar, e emprestar livros, ou mesmo para apenas saber o que tem lá dentro.
"Sou frequentadora de algumas bibliotecas de Curitiba, mas esse espaço é diferente. Pretendo estar sempre por aqui", disse Bruna. A afirmação da contadora de histórias e também professora do ensino fundamental aponta para a característica que mais chama atenção no Bondinho da Leitura: é uma biblioteca diferente por ter no acervo obras contemporâneas.
Ao acaso, entre os mais de mil livros, há o romance Paraíso Perdido, de Cees Nooteboom, e o livro de contos Celular, de Ingo Schulze, duas publicações recentes.
"De modo geral, as bibliotecas públicas costumam oferecer aos usuários os clássicos e títulos antigos, diferentemente daqui, que tem até obras que estão nas prateleiras das livrarias", comentou Bruna, que saiu do Bondinho da Leitura com o livro Lá Vem História Outra Vez, de Heloisa Prieto.
Tem gente no vagão
Dois funcionários e três estagiários estão à disposição do público, incluindo Daniele da Rosa e Manoel Martins. Ambos têm relações com artes cênicas, são leitores e mostram ser familiarizados com obras literárias. Carlos Bertocini, de 35 anos, é repositor de produtos em um supermercado e contou que, devido ao auxílio de Daniele e Martins, encontrou títulos que renderam leitura prazerosa.
No tempo livre, Bertocini diz se dedicar aos livros. No dia 23, ele fez o cadastro no Bondinho. Emprestou Santa Maria do Circo, de David Toscana, e Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Depois de 72 horas, devolvia as obras e seguia para novo empréstimo. "Gostei do Bondinho. É mais informal, leve e bacana do que as outras bibliotecas. Aqui é a minha segunda casa", contou Bertocini.
Às 14h35 da última sexta-feira, 12 pessoas estavam dentro do vagão que tem dez metros de extensão, onde há duas estantes de um metro cada uma, três cadeiras de madeira e dois pufes. Os irmãos João Vitor, 4 anos, e Frederico Paranhos, 18 anos, passeavam pelo centro de Curitiba e entraram no Bondinho. Eles não sabiam que ali funciona uma biblioteca. Frederico diz que conta e lê histórias para o pequeno João e, em breve, fará o cadastro para emprestar livros no "bibliobonde".
Nas imediações, o cantor Plá comercializava CDs, turistas tiravam fotos, o tráfego de pessoas era intenso numa tarde ensolorada de 25ºC. E o estudante de Jornalismo Cássio Barbosa disse que ganhou o dia. Ele emprestou, do Bondinho, o livro Longa Jornada Noite Adentro, de Eugene ONeill . "Nada como um bom livro, para levar a gente para os caminhos mais interessantes desta vida", disse Barbosa, definindo uma das possibilidades do universo da leitura.
Serviço:
Bondinho da Leitura. Rua XV, s/nº (próximo à Rua Ébano Pereira). De segunda até sexta-feira, das 8h30 às 19h30. Sábado, das 8h30 às 14h30. Entrada franca.
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