| Foto: Divulgação
Aly Muritiba, cineasta

A boa fase continua. Depois de ganhar dezenas de prêmios, dentro e fora do Brasil, com A Fábrica, que chegou a ser pré-selecionado para o Oscar de melhor curta-metragem, o cineasta baiano radicado em Curitiba Aly Muritiba já pode começar outra lista. Seu novo filme, Pátio, saiu com duas láureas importantes do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, mais importante mostra de não ficção do país, encerrada no último sábado em São Paulo. O trabalho foi escolhido o melhor curta em competição e também ganhou o Prêmio Aquisição Canal Brasil, concedido pela emissora de tevê paga, especializada em cinema nacional.

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Em entrevista à Gazeta do Povo, concedida ontem por telefone, Muritiba disse que, além de muito feliz, também ficou surpreso com a premiação. "É um filme duro, mais rígido em termos de linguagem do que A Fábrica."

Financiado com recursos próprios e rodado ao longo de três semanas em novembro de 2012 no presídio de São José dos Pinhais, o curta tem uma única locação. Como seu título anuncia, toda a ação se passa no pátio da prisão. A câmera de Muritiba fica do lado de fora das grades, a registrar tudo que ocorre enquanto os detentos estão diante da lente.

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Em A Fábrica, uma obra de ficção, estavam em evidência as imagens e a própria trama. Em Pátio, o desenho de som, capaz de captar tudo que é dito, além dos silêncios, tem papel fundamental na narrativa, construída a partir de jump-cuts – cortes que quebram a continuidade do tempo, pulando de uma parte da ação para outra. Com seu antecessor, Pátio tem em comum o fato de buscar a humanização dos presos. E fala de liberdade, diz Muritiba.

O curta, que estreou em janeiro deste ano na Mostra de Cinema de Tiradentes (MG), é o segundo episódio da Trilogia do Cárcere, iniciada com A Fábrica e que será encerrada pelo longa-metragem A Gente, já rodado e em fase de montagem. Será um híbrido de ficção e documentário, também sobre o sistema penitencário, no qual os limites entre os dois gêneros serão propositalmente borrados. A produção deverá estrear em festivais ainda neste ano.

Competição

Mataram Meu Irmão, de Cristiano Burlan, venceu na competição brasileira de longas-metragens e a produção da Geórgia A Máquina Que Faz Tudo Sumir, de Tinatin Gurchiani, ganhou a categoria internacional do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários.

Premiados

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Confira os vencedores do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários:

Melhor documentário brasileiro (longa-metragem): Mataram Meu Irmão, de Cristiano Burlan

Menção honrosa: Em Busca de Iara, de Flávio Frederico

Melhor curta-metragem: Pátio, de Aly Muritiba

Melhor documentário internacional: A Máquina Que Faz Tudo Sumir, de Tinatin Gurchiani (Geórgia)

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Prêmio Especial: Uma Vez Entrei num Jardim, de Avi Mograbi (Israel)

Melhor curta-metragem: Uma História para os Modlin, de Sérgio Oksman (Espanha)