No decorrer da semana passada, a reportagem do Caderno G tentou em vão localizar Violeta Franco. Havia motivos de sobra para tanto. Seu nome é carregado de importância inequívoca em face das contribuições que deu às artes no último meio século. Teve contato com Guido Viaro, que a levou à pintura, e com Poty Lazarotto, que lhe legou a técnica da gravura. Foi na garagem de seu avô, em uma Curitiba provinciana dos anos 50, que surgiu a famosa Garaginha, o ateliê que ajudou a formar e impulsionar uma geração, pouco interessada no academismo, de artistas e intelectuais como Loio Pérsio, Fernando Velloso, Paul Garfunkel, Alcy Xavier e Emilio Romani, entre outros.

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A intensa produção e participação de Violeta em mostras e atuação frente a instituições, como foi o Ateliê de Gravura de Curitiba, entre outros, reforça o seu legado. Ainda mais digno de memória em função de seu aniversário de 80 anos, comemorados em fevereiro.

Infelizmente, a reportagem não conseguiu falar com a artista veterana a tempo de fechamento desta edição. Ela estava na Unidade de Tearapia Intensiva do Hospital da Cruz Vemelha de Curitiba, recuperando-se de um problema pulmonar. Seu filho, Samuel, informou que a artista estava bem. Também disse estranhar a pouca atenção e interesse pelas instituições públicas, do município e do governo estadual, em lembrar o trabalho artístico de sua mãe. "Ela tem uma passagem inquestionável pelas artes do Paraná e do Brasil. Mais que oportuno, seria óbvio promover uma retrospectiva de seus trabalhos em função dessa data, mas não temos notado interesse de nenhuma parte", afirma.

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O artista plástico Fernando Velloso, seu colega e freqüentador da famosa Garaginha, celebra o aniversário de Violeta e comenta sobre sua produção. "Ela sempre manteve uma imagem muito coerente. Teve uma fidelidade aos seus temas, à sua maneira de conduzir a pintura, haja vista que suas últimas fases têm ligação muito forte com alguns dos trabalhos anteriores, com modificação em relação à cor e ao tratamento pictórico, mas sempre com a mesma inspiração inicial nos elementos da natureza, a serviço da idéia que ela quer passar", comenta Velloso.

Violeta Franco, enfim, é patrimônio vivo da cultura do Paraná. Ainda há tempo para prestar-lhe as devidas e merecidas homenagens.