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A renovação literária realizada por Paul Auster, unindo o melhor das tradições americana e européia em um universo literário onde se misturam fantasia e realidade, valeu ao escritor americano, morador do Brooklyn e símbolo de Nova York, o Prêmio Príncipe das Astúrias das Letras, anunciado nesta quarta-feira (31), na Espanha.

Romancista, poeta e roteirista, Paul Auster, nascido em Newarck (Estados Unidos) em 1947, se transforma assim no quarto autor anglo-saxão a vencer o Príncipe das Astúrias das Letras, depois de Doris Lessing, Arthur Miller y Susan Sontag.

Ao anunciar o resultado nesta quarta-feira, o júri destacou "a renovação literária" do autor, que "inovou o relato cinematográfico e incorporou à literatura algumas de suas contribuições". Além disso, foi ressaltada a atração que o escritor desperta nos jovens leitores, "dando um testemunho esteticamente muito valioso dos problemas individuais e coletivos dos tempos atuais".

A obra de Auster é famosa por seu universo literário em torno do acaso e da busca da identidade, onde realidade e fantasia invadem os espaços cotidianos do homem.

Um dos intelectuais americanos mais críticos à atual política dos Estados Unidos, sua extensa biografia já foi traduzida para mais de 25 idiomas. Nela, muitas vezes os protagonistas são escritores que servem de voz ao próprio autor, que antes dos romances, se dedicou à tradução, poesia, obras teatrais, críticas e ensaios sobre literatura francesa, inglesa e americana.

Ele ficou conhecido com a publicação de "A invenção da solidão" (1982), obra autobiográfica, e principalmente depois de a "Trilogia de Nova York" (1985-86), formada por três contos: "A cidade de vidro", "Fantasmas" e "O quarto fechado".

"O país das últimas coisas" (1987) foi seu primeiro romance, seguido por "O palácio da lua" (1989) e "A música do acaso" (1990), este último levado ao cinema. Auster também já trabalhou como roteirista, em "A música do acaso", "Cortina de Fumaça" e "O centro do mundo", e por trás das câmeras em "O mistério de Lulu" (1998).

O autor estava em Portugal quando recebeu a notícia de que tinha recebido o prêmio. Ele participava das filmagens de "The Inner Life of Martin Frost" ("A vida interior de Martin Frost"), na cidade costeira de Azenha do Mar, quando a diretora de produção de seu novo filme, Diana Coelho, atendeu ao telefonema comunicando a premiação.

- Qualquer um se emociona quando sua obra é valorizada - ressaltou o autor ao saber do resultado.

"The Inner Life of Martin Frost" é baseado em um relato de seu "Livro das ilusões", que conta a história de um cineasta e sua misteriosa desaparição. Segundo Auster, que confessa viver o cinema com tanta paixão como a literatura, a produção não é exatamente uma adaptação do texto para o cinema, mas uma extensão da obra escrita.

Admirador de Dostoiesvski, Tolstoi, Thoreau, Meliville, Kafka, Beckett, Dickens e da literatura francesa do século XIX, o escritor tem um estilo muito próprio, e muitos reconhecem seu texto como "austeriano". Ele também é autor de obras como "Leviatã" (1992), "A arte da fome" (1992), "Mr. Vertigo" (1994), "Timbuktu" (1997), "A noite do oráculo" (2004) e "Brooklyn Follies" (2005).

O também americano Philip Roth e o israelense Amos Oz foram os concorrentes de Auster na votação final do prêmio este ano. Também disputaram o Príncipe das Astúrias das Letras outros 24 candidatos, entre eles o português Antonio Lobo Antunes, o angolano Luandino Vieira, o turco Orhan Pamuk, o holandês Cees Nooteboom, a indiana Arundhati Roy, o alemão Marcel Reich-Ranicki, e o sírio-libanês Adonis.

Em 2005, Auster já tinha chegado à votação final do prêmio, que foi concedido à brasileira Nélida Piñón. Entre os autores já reconhecidos pelo Prêmio das Letras em outros anos estão Mario Vargas Llosa, Günter Grass, Carmen Martín Gaite, Carlos Fuentes, Augusto Monterroso e Fátima Mernisi.

Os Prêmios Príncipe das Astúrias são destinados a premiar o trabalho científico, cultural, técnico, social e humano realizados por pessoas, equipes de trabalho ou instituições no âmbito internacional.

O prêmio, entregue todos os anos em uma cerimônia em Oviedo, é de 5 mil euros e uma estatueta criada por Joan Miró.

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