O vocalista dos Titãs, Paulo Miklos, não fuma, mas desfruta um raro prazer: fazer shows solo. São poucos porque a agenda dos Titãs não permite. Além disso, ele reativou seu lado de ator, muito elogiado no longa "O invasor", participando do filme "Boleiros 2", de Ugo Giorgetti, e pode estrear como ator na televisão na próxima novela das sete da Rede Globo.
Trata-se do bom e velho gosto pelo desafio. Exatamente o que o leva a subir a serra até Itatiaia no interior fluminense na sexta à noite, depois de um dia de trabalho para um show no festival "Vivo no inverno" com trio de jovens músicos com pinta de ingleses: um guitarrista, Danilo, com a cara do Jeff Beck dos anos 60, a baterista com cara de teen, Pitchu, mas com uma pegada animal, e o baixista com tipo de nerd Jô Rago. Miklos toca guitarra o show inteiro.
- Eu estou tocando guitarra nos Titãs agora, então o show solo fortalece a coisa dos Titãs. A guitarra é uma coisa mágica, quando você pega nela, se transforma, são duas pessoas diferentes, o cantor e o cara quando pega a guitarra. Quando canto, vivo pedindo pro cara abaixar a guitarra, mas quando estou tocando guitarra, eu aumento. É muito louco isso.
Diante de 500 pessoas na bem transada casa noturna Tamboatá, Miklos passou por números de seus dois discos solo e fez muitas homenagens. Para o rapper Sabotage (1973-2003), assassinado em São Paulo e seu companheiro no filme "O invasor", ele fez uma junção de Miséria, dos Titãs, com "Um bom lugar", do rapper. Fez "Brasil", de Cazuza, começando lento com uma guitarra a Robert Smith, cantando num crescendo. E ainda "Aluga-se" (Raul Seixas), "Etnia" (Chico Science), "Maioria sem nenhum" (Paulinho da Viola) e até uma versão livre de "É bom para o moral", do repertório de Rita Cadillac. Além de sucessos dos Titãs como "Provas de amor", "Flores", "Lugar nenhum", "Pra dizer adeus", "Polícia", "Bichos escrotos", entre outros. Ele abriu com "A ocasião", inédita dele com Arnaldo Antunes, que deve estar no próximo disco solo.
Sobre suas incursões como ator, ele diz que ficou surpreso com toda a reação positiva à sua atuação em "O invasor", quando fez o matador Anísio, contratado por dois sócios de uma construtora, Ivan (Marco Ricca) e Gilberto (Alexandre Borges) para matar o sócio majoritário, Estevão (George Freire) e acaba virando um tijolo no sapato de seus contratantes. Miklos conta que ficou um tempo sem pintar convites até que...
- Acabei de filmar o "Boleiros 2" com o Ugo Giorgetti, que vai ser lançado ano que vem, ano da copa, que é fantástico. É o lado humano das figuras do futebol. Faço um ex-jogador, tipo um olheiro, que encontra um craque tipo fenômeno. Ele é empresário do cara, que arrebentou e foi para a Itália - conta ele.
Depois do aprendizado com "O invasor", era de se supor que a segunda filmagem fosse mais tranqüila para ele. Ao ouvir a frase, ele comete uma gargalhada.
- Foi difícil pra cacete. Cada vez é uma encrenca nova e acho que deve ser sempre assim. A segunda vez é mais difícil porque você fica mais autocrítico, acho que fiquei mais consciente do que estava acontecendo, comecei a entrar num processo de depuração, comecei a me complicar. Num daqueles momentos de filmagem em que me deu uma trava, a Lavinia Pannunzio, que também participa, virou para mim e disse "ih, você já está assim é?" (risos). Acho que já estou ator - explica ele no camarim, minutos antes de entrar no palco, em meio a um entra e sai de gente gritada e o bate estaca da pista de dança lá fora.
Daí para a decisão de encarar os nove meses de trabalho da novela "Bang-bang" da Rede Globo foi um salto no precipício:
- Eu decidi encarar porque já estou ficando besta (risos). Fora o desejo crescente do desafio em si, me atraiu a idéia da fantasia de ser um faroeste, do personagem ser um bandido, um outsider dentro da história que já começa a novela preso - conta ele.
A novela é uma fantasia de Mário Prata ambientada no Velho Oeste americano, estrelada por Fernanda Lima, estreante em novela como Miklos. Ele terá um colega de música no elenco, Evandro Mesquita, vocalista da Blitz, e pelo menos dois monstros sagrados, Ney Latorraca e Mauro Mendonça, além de Aline Moraes, Giulia Gam, Kadu Moliterno e outros.
Miklos diz que recebeu garantia do diretor Ricardo Waddington de que seus compromissos com os Titãs serão respeitados. - Eu fui lá com a minha agenda e eles disseram que sabiam e que estavam me convidando já sabendo disso. Perguntaram se eu ia encarar o desafio de fazer a novela, eu balancei, mas topei.
As gravações acontecerão num período de grande atividade para os Titãs. Nos próximos dias 12 e 13 de agosto, a banda estará gravando um MTV ao vivo num castelo em Florianópolis. Ele diz que não haverá convidados - "a gente já convidou Deus e todo mundo, já esgotamos os convidados" - e ele descarta que seja mais um ao vivo, dizendo que o último ao vivo da banda foi "Go back", gravado em 1988 no Festival de Montreux. Será o primeiro com a formação atual, sem Marcelo Fromer, morto em 2001, e sem Nando Reis, que saiu em setembro de 2002.
Com tantos compromissos nas costas, Paulo Miklos é sério candidato ao troféu estafa de 2005. Só de pensar na agenda dele, cansa. Ufa!
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