Paulo Ricardo e Toquinho gravam Vinicius eletrônico

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A banda RPM e a carreira solo de Paulo Ricardo já desagradam muita gente. Mas o novo projeto do cantor, em dupla com Toquinho, deve desagradar muito mais. Especialmente os puristas da MPB. Motivo: a nova dupla está lançando um disco que não só traz regravações de clássicos do compositor Vinicius de Moraes (1913–1980), como as canções estão em versão eletrônica. Não do tipo bate-estaca, mas com uma atmosfera "lounge’’. O ál­­bum se chama Toquinho e Paulo Ricardo Cantam Vinicius.

"A letra de uma música envelhece muito bem. Já uma gravação, não’’, defende Paulo Ricardo. "A nossa intenção foi atualizar as canções escritas pelo Vinicius’’, justifica. Há quem defina um clássico justamente pela sua capacidade de sobreviver ao tempo. "Eu não suporto aqueles cacoetes de gravações antigas, em que o som fica abafado, sem os recursos que existem hoje’’, diz o líder do RPM. "Desse modo, a obra de Vinicius pode ficar mais atraente para as novas gerações.’’

O repertório abrange as principais parcerias na carreira de Vinicius: com Tom Jobim, na fase áurea da bossa nova, como "Água de Beber’’; com o violonista Baden Powell, com quem o Poetinha gravou "Canto de Ossanha’’, do inovador Afro-Sambas (1966); e o próprio Toquinho, com quem colaborou na fase final de sua vida, em canções como "Tarde em Itapu㒒. Esses três exemplos aparecem no álbum.

Paulo Ricardo gravou a sua voz sobre o violão e sobre a voz de Toquinho. Depois, o produtor e sócio da Cream Studio Waldo Denuzzo pôs colagens de "samplers’’ e outros elementos eletrônicos.

Toquinho já havia trabalhado com Paulo Ricardo em 2006, quando participou da regravação de "Corcovado’’, de Tom Jobim, que fez parte do disco Acoustic Live. Neste álbum, o roqueiro já havia ousado regravar cânones como Bob Dylan, Rolling Stones, John Lennon e Paul McCartney.