Quatro anos depois do último lançamento de inéditas, o décimo álbum do Pearl Jam, Lightning Bolt, surge como mais um ponto dentro da curva da carreira da banda, que já soma mais de duas décadas. Novamente produzido por Brendan OBrien, o disco não traz reviravoltas no estilo do grupo de Seattle, que se equilibra com facilidade entre o rock pesado, com influências de grupos clássicos, e canções de pegada mais pop.
Lightning Bolt abre com petardos à altura da energia que faz do Pearl Jam até hoje uma superpotência dos palcos. A melodia robusta de "Gateway" é seguida pela pegada punk de "Mind Your Manners", primeiro single do disco, e pelo peso de "My Fathers Son". As músicas mais lentas, que acabam dando a tônica do disco, não demoram a prevalecer. "Sirens", no limite da balada clichê (tocada com violão, bateria padrão, vocais em terças, piano dobrando a melodia), é bem-sucedida em sua tensão emocional e letra densa. Conforme o guitarrista e compositor Mike McCready afirmou em entrevistas, a canção foi inspirada por Pink Floyd, uma das principais referências para os diferentes climas do álbum. A faixa-título volta a trazer os vocais rasgados de Eddie Veder antes de a pop "Infallible" abrir uma nova sequência de canções mais lentas, como "Pendulum", "Sleeping By Myself" já gravada no disco solo de Vedder Ukulele Songs e "Yellow Moon".
"Swallowed Whole" traz versos otimistas, de temática espiritual, em contraste com o tom crítico de "Infallible". A última faixa, "Future Days", volta a investir na balada folk, em sintonia com o clima de "Just Breathe", o carro-chefe do sucesso comercial do álbum anterior, Backspacer. Abrigado no estilo icônico do Pearl Jam, que segue amparado por um público fiel, Lightning Bolt revela um grupo em boa forma, o que lhe proporciona algum vigor para ir além de seus limites às vezes cômodos. GGG