Atores convidados por Elisa Ohtake atuam em solos e em grupo a partir de 70 clássicos da dramaturgia, em Let’s Just Kiss and Say Goodbye.| Foto: Lenise Pinheiro/Divulgação

Elisa Ohtake, neta da pintora vanguardista Tomie Ohtake (morta em 12 de fevereiro), se dedica à carreira de diretora cênica para a performance, que considera mais provocadora que outras formas de teatro.

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Os Satyros usaram entrevistas com errantes do centro paulistano. 

Até mesmo o processo de criação do espetáculo que traz ao Festival de Curitiba deste ano, Let’s Just Kiss and Say Goodbye, foi uma provocação, em que pediu a cinco atores que atuassem como se aquela fosse a última vez.

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Para isso, Elisa escolheu a dedo os performers: gente que ela sabia que levaria a sério sua proposta. São eles Georgette Fadel (professora do Núcleo de Dramaturgia do Sesi-PR), Rodrigo Bolzan (premiado por Oxigênio, da Cia. Brasileira de Teatro), Danilo Grangheia, Luah Guimarães e Luciana Schwinden.

Let’s Just Kiss and Say Goodbye

Teatro Bom Jesus (R. Vinte e Quatro de Maio, 135), (41) 2105-4000. 31 de março e 1º de abril, às 21h. R$ 70 e R$ 35. Classificação indicativa: 12 anos.

Em vídeos que foram ao ar em São Paulo durante a semana de estreia, eles demonstram ter entrado no jogo de uma forma surpreendente, trazendo a cada cena uma vitalidade extenuante.

Pessoas Perfeitas

Teatro do Paiol (Lgo. Guido Viaro, s/nº), (41) 3213-1340. Dias 28 às 21h e 29, às 19h. R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada). Classificação indicativa: 16 anos.

“O que eu sinto antes de entrar em cena não é medo, é terror”, desabafa Luah em vídeo divulgado pelo grupo. “É uma peça nervosa porque, apesar da liberdade absoluta, tem uma precisão de navalha. E ela ativa um prazer ligado ao coletivo”, diz Georgette.

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A partir de um número enorme de textos da dramaturgia mundial, com cerca de 70 referências, o grupo criou cenas solo e coletivas que passam do drama à comédia e desta à tragédia.

Os momentos cômicos incluem uma performance coletiva, ponto alto do espetáculo, em que eles fazem um cover do grupo musical The Manhattans, cantando a música que dá título à peça.

Em conversa com a Gazeta do Povo, Elisa contou que enxerga a abordagem da excitação, presente ao longo das quase duas horas de espetáculo, como um manifesto contra o “sequestro” das emoções pelo viés mercadológico.

“A emoção total virou um padrão de comportamento, inspirado na publicidade, mas o capitalismo usa isso em vão. Por isso quis falar de vitalidade radical”, explica.

Na concepção visual, os atores usam objetos ligados à festa, como purpurina e luzes, que dialogam com as artes visuais.

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Fazendo teatro desde os sete anos, quando a família abriu uma escola, Elisa enumera as influências artísticas que recebeu dentro de casa. A mãe, Celia Helena, foi atriz de televisão, cinema, e atuou no teatro ao lado de Paulo Autran e Cacilda Becker.

O pai, Ruy Ohtake, é o arquiteto por trás de obras como a embaixada brasileira em Tóquio, o Parque Ecológico do Tietê e a sede do São Paulo Futebol Clube.

Da avó, ícone da pintura nacional abstrata – e exemplo acabado de vitalidade até seus 101 anos –, Elisa conta ter herdado um “senso de como a arte pode ser infinita e sem fronteiras”. “Ela me passou mais um sentido de escala e de possibilidades da arte do que propriamente um estilo”, diz Elisa.