O Natal passou, mas, quem diria, o tema da solidariedade e amor ao próximo continua em voga. Pelo menos na peça O Jardim do Inimigo, que tem apresentação neste sábado, às 16 horas, no Teatro Positivo (mais informações na página 9). A companhia de artes Nissi, do interior de São Paulo, visita Curitiba com uma de suas oito equipes de arte-evangelismo para falar de questões pesadas: prostituição infantil, consumo de drogas e o descaso com a população de rua.
Na trama, personagens como um casal em conflito, uma mendiga faminta, um adolescente rebelde e uma prostituta de 14 anos que cobra R$ 5 pelo programa são atormentados pelo vilão, o Inimigo. Essas e outras pessoas ele mantém num jardim, regado a ódio, rancor e raiva, manipulando suas vítimas pela mente.
Quem o interpreta é o idealizador do espetáculo, Caíque Oliveira, que tirou inspiração de sua experiência de crescimento no Jardim Ângela, em São Paulo região apontada nos anos 1990 pela ONU como um dos centros urbanos mais violentos do mundo (em seguida o local foi beneficiado por ações sociais). Ele e a equipe estrearam o trabalho há 12 anos, e consideram que o realismo das relações de opressão mostradas no palco confere credibilidade à crítica social e espiritual o "inimigo" não é ninguém menos que Satanás. São nove atores em cena, mais uma banda que toca ao vivo.
"Acho que o público gosta da peça e se identifica com os personagens porque nos baseamos em fatos reais", conta Caíque, em material de divulgação do grupo.
O Nissi reúne 100 atores de várias igrejas protestantes. Já se apresentou em todos os estados do país, e ainda no Chile, Argentina, Paraguai e Angola, e mantém uma ramificação na Rússia.
Entre os trunfos deste espetáculo, o grupo enumera as colaborações de profissionais renomados do teatro: a iluminação é de Guilherme Bonfanti, um dos fundadores do renomado Teatro da Vertigem, e o cenário, de JC Serroni (de Fernanda En Cena, espetáculo de retrospectiva da carreira de Fernanda Montenegro).
"Depois de um tempo, começamos a nos apresentar em locais de risco como as cadeias e favelas do Rio de Janeiro", acrescenta o autor e ator.