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O elenco jovem esconde diferentes níveis de maturidade em sua atuação | Chico Nogueira/Divulgação
O elenco jovem esconde diferentes níveis de maturidade em sua atuação| Foto: Chico Nogueira/Divulgação

Agenda

Coquetel Overdose

Espaço Cênico (R. Paulo Graeser Sobrinho, 305 – São Francisco), (41) 3338-0450. Sexta-feira a domingo, às 20 horas. R$ 30 e R$ 15 (inclusive para assinantes da Gazeta do Povo). Até 3 de novembro. Classificação indicativa: 18 anos.

Esse é mais um espetáculo para a série "grávidas, evitem" (o mais recente na categoria havia sido Para Poe). Coquetel Overdose consegue materializar as sugestões das narrativas de que trata. São textos de Charles Bukowski, Allen Ginsberg e Jack Kerouc que vieram dar corpo a esquetes sobre a vida de jovens amigos e casais de vida desregrada, em que o uso de seringas, a comida disputada de um panelão e as frequentes alusões ao que se faz no banheiro povoam a imaginação. A violência é um elemento intrínseco a esse universo, mas ela não chega desprovida de reflexão (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

O cenário de Michelle Rodrigues é estático, amplo e repleto de referências, no que poderia ser um "mocó letrado". Nele, movimentam-se sete atores (Guilherme Fernandes, Johnny Leal, Michelle Rodrigues, Renata Chemin, Robysom Souza, Rudi Mayer e Evandro Santiago), alternados entre personagens-escritores, viciados, prostitutas, um serial killer e narradores de histórias. O uso inteligente do espaço permite criar diversos lugares em um só – eles estão lá, debaixo da mesa, amontoados num canto ou espalhados pelos móveis.

A experiente direção e dramaturgia de Edson Bueno costuram as diferentes histórias para criar um novo ser, inspirado no clima proporcionado pela literatura dos autores abordados – especialmente Bukowski. Cenas como a da foto acima reúnem em poucos segundos diversas manifestações da cultura beat, numa brincadeira que fala sobre as curtas perspectivas da felicidade.

"Gosto de fazer as coisas se unirem", diz o diretor, que preferiu um formato em que as minitramas conversam entre si, em detrimento de esquetes soltas. Dessa forma, um personagem que teoricamente não está presente na cena assiste a tudo que é dito e ainda come um pedaço de pizza que sobrou da refeição – no trecho em questão, Bueno, aficionado por cinema, usa ainda referência a um diálogo entre os atores Anthony Perkins e Janet Leigh no thriller Psicose.

A atuação, como é natural num grande elenco, é desigual, o que valoriza atores mais maduros, ainda que jovens. Chamam a atenção as atitudes adotadas por cada um: algumas são parecidas e podem ser classificadas como "um jeito raivoso de ser", sem nuances. Outras caminham para uma presença autêntica.

O interessante é que, pelo estilo de trabalho, cada ator teve liberdade de escolher personagens que gostaria de viver no teatro, ou contos que desejaria contar. "Eles sofreram", resume Edson, contando sobre as inúmeras modificações de texto e na ordem das cenas.

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