Programe-se
Filha da Anistia
Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655), (41) 3322-7150. Dia 30, às 20h; 31, às 16h e 20h; 1º e 2, às 20h.
Há temas que trazem uma aura de seriedade quando servem de substrato para as artes, e a ditadura militar brasileira (1964-1985) certamente é um deles. A companhia paulistana Caros Amigos ousou abrir a caixa preta da memória e investigar o assunto, em parceria com a Associação de Pesquisadores sem Fronteira e o Projeto Marcas da Memória, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. O resultado, Filha da Anistia, será apresentado em Curitiba entre hoje e domingo, no Teatro José Maria Santos (veja o serviço completo da peça no Guia Gazeta do Povo).
VÍDEO:Assista a um trecho da conversa do ator Alexandre Piccini
Depois de pesquisar biografias, livros e entrevistas de pessoas atingidas pela repressão do Estado, os atores Carolina Rodrigues e Alexandre Piccini escreveram a história de Clara, mulher de 30 anos criada pela avó que, quando esta morre, recebe uma pista para investigar o passado dos pais. Aos poucos, descobre que as informações que ela tem sobre os progenitores são falsas, e caminha rumo à verdade não sem dor.
"Tentamos sintetizar num relato pessoal a história do país", explicou Carolina, em conversa com a reportagem.
Na trama inventada estão presentes fatos pinçados de diversas histórias reais. Fazendo essa coletânea e levando aos palcos um tema mais comum ao noticiário, o grupo procurou contestar a aceitação de versões omissas e incompletas dos fatos que compõem o passado do país.
"Anistia não é sinônimo de esquecimento", diz Carolina. Assim como acontece com Clara, ela acredita que muitos jovens precisam de uma investigação como a que resultou na peça para poder construir um futuro de verdade e isso, ela salienta, não tem a ver apenas com as pessoas cujas famílias sofreram na pele agressões, mas a toda a nação.
Junto com a protagonista, o espectador certamente descobrirá fatos novos sobre os anos de chumbo, em meio a diálogos que buscam intensidade dramática e uma encenação que joga com a plateia.
Por se tratar de uma peça com inspiração claramente política, pode-se dizer que seus interesses extrapolam o social e artístico, desembocando no desejo de que todas as gerações brasileiras conheçam uma história que se aproxime ao máximo da verdade e desfrutem de justiça.
Cultura e Lazer | 2:50
Peça revisita a ditadura militar pela lente de uma mulher que perdeu os pais, mas nunca soube como. O ator Alexandre Piccini conversou com a repórter Helena Carnieri sobre a atração.