Sirê Obá mostra as cerimônias públicas do candomblé| Foto: Susan Kalik/Divulgação

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Sirê Obá – A Festa do Rei

Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655), (41) 3322-7150. Hoje, às 21 horas. Amanhã, às 18 e às 21 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

Áfricas

Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655), (41) 3322-7150. Sábado (6), às 16 horas. Domingo (7), às 11 e às 16 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

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Com 15 anos de atuação, o Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas (Nata) tem se dedicado à promoção da cultura negra, e busca no candomblé tanto a matéria-prima para a construção das cenas de seus espetáculos quanto no aprofundamento da linguagem do teatro negro. A companhia é uma das participantes da Mostra Baiana, que integra o Fringe no Festival de Teatro de Curitiba e tem curadoria do ator Wagner Moura e da produtora Vadinha Moura, e estreia hoje no Teatro José Maria Santos.

Sirê Obá – A Festa do Rei fala das cerimônias públicas realizadas no candomblé, onde os orixás dançam diante de todos. "A ideia é fazer um espetáculo celebração", diz a diretora Fernanda Júlia. A montagem surgiu, segundo ela, de uma inquietação do Nata. "Pensamos o quanto ficamos incomodados com o lugar que é dado, apesar da nossa luta, ao teatro negro e ao candomblé, que ainda é visto de forma alegorizada."

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Por isso, quem for assistir ao espetáculo vai ver uma peça inspirada na religião, e não a celebração em si no palco. "Recriamos algo para falar da beleza e da história e, na medida do possível, homenageamos cada divindade", explica a diretora, frisando que o preconceito em relação ao candomblé ainda é grande. "O Brasil ainda é um país racista, e a não legitimação da cultura negra gera essa visão intolerante ao candomblé. A peça tem dificuldades em conquistar apoiadores da iniciativa privada e, até hoje, não conseguimos entrar em escolas, mesmo com a lei que obriga o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira", conta Fernanda.

Infantil

O Bando de Teatro Olo­dum estreia, no sábado, Áfricas, peça que traz para a cena as histórias, mitos e contos do continente africano em um espetáculo infantojuvenil, o primeiro da trajetória do grupo, que tem 23 anos e é conhecido pelos trabalhos que integram a Trilogia do Pelô, principalmente Ó Paí Ó (que estreou em 1992 e deu origem à série de televisão e ao filme homônimo). "As crianças adoram os personagens, mas a linguagem não era adequada. Tínhamos uma dívida com esse público e pensamos em fazer algo que contribua para aproximar a criança desse tema", conta a diretora Chica Carelli. A montagem, diz ela, também comove os adultos, já que foi tomado o cuidado para não deixar o espetáculo infantilizado. "Ele fala para todos, e muitos pais vêm dar esse testemunho, pois tratamos do resgate da herança africana. A criança negra pode se ver em cena, o que é muito importante."