End tem personagens aprisionados a suas condições, como se o tempo tivesse parado| Foto: Gabriel Gallarza/Divulgação

O artista plástico e diretor de teatro curitibano Raul Cruz, morto em 1993, é a inspiração e o homenageado de End e Uma entre Mil Histórias de Amor, duas peças que o dramaturgo Rafael Camargo estreia hoje, ambas no Miniauditório do Guaíra, às 20 e 21 horas, respectivamente.

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Camargo contou à Gazeta do Povo que se se debruçou na obra do amigo com "olhar carinhoso" antes de montar cenário e texto. "Ele foi uma pessoa que se dedicou muito, mas não é tão lembrado", diz.

Em Uma entre Mil Histórias de Amor, Camargo, que montou em anos anteriores Ana e o Tenente e An­­ta de Copacabana, pretendia contar uma história de amor como milhares que existem por aí, em que as pessoas acabam imobilizadas.

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Na peça, o desnorteamento resultante da perda de um amor faz com que uma mulher fique literalmente presa no tempo. É um tema que poderia ser retratado de forma realista, mas acabou respingado por influências de dramaturgos como Samuel Beckett e Harold Pinter e o cineasta David Lynch. É assim que o filho da protagonista começa a peça com 5 anos e em seguida já é um adolescente.

Em End, o tema é semelhante, mas o realismo vai embora de vez. Três personagens passam décadas sem se mover, um sobre um vaso sanitário, outro sobre um alto banco e outra debruçada sobre uma mesa. Ali, repassam suas me­­mórias, e o texto cita alguns finais de livro.

Na década de 80, Raul Cruz fez parte dos grupos de teatro Bicicleta e Moto Contínuo, ao lado de Geraldo Leão, Eliane Prolik, Denise Bandeira, Rossana Guimarães e Mohamed Ali El Assal. Para completar a homenagem a ele, o hall de entrada do teatro recebeu uma ambientação inspirada em sua obra. As peças ficam em cartaz de quarta a domingo, até 10 de julho.