“Pepe” brilha no Cafe de los Maestros

Assistir ao show Cafe de los Maestros é, sem exagero, uma experiência histórica. Na imponente orquestra – que fez apresentação única em Curitiba na última sexta-feira – é possível ver o trabalho de verdadeiras lendas do tango, além de ouvir composições como "Mano a Mano", de Carlos Gardel.

Cada músico que entrava para fazer sua participação era devidamente apresentado pelo produtor da orquestra, Gustavo Mozzi. Além do breve currículo do músico, Mozzi também pontua durante a apresentação explicações sobre o estilo, fazendo com que o espectador menos entendido saia do show com algumas ideias sobre a evolução do tango.

Foram marcantes as apresentações do bandeonista Leopoldo Frederico. Com 84 anos, ele traz a herança musical do tango das décadas de 1940 e 1950, quando participou ativamente como instrumentista em orquestras como a de Carlos Di Sarli. O cantor Juan Carlos Godoy, 88 anos, também surpreendeu o público ao interpretar composições próprias, como "Se Va la Vida", e divertiu a plateia ao esquecer que iria cantar "Angelica". Foi lembrado pelos músicos da orquestra.

Porém, é Jose "Pepe" Colángelo, 70 anos, quem traz mais alegria para o espetáculo. Começou a carreira aos 21 anos com Julio Sosa e a Orquestra de Leopoldo Frederico. Também foi o último pianista do músico Aníbal Troilo.

Em um piano de cauda verde-musgo Essenfelder (do próprio Teatro Guaíra, e não da orquestra), Pepe praticamente dançava durante as interpretações, mesmo estando sentado. Toda vez que entrava, pedia aplausos, mandava beijos e abraços ao público. Foi muito aplaudido depois de terminar competentes solos.

Os casais de dançarinos Gloria Barraud e Eduardo Arquimbau, e Aurora Lúbiz e Luciano Bastos, dão fôlego ao espetáculo nos momentos em que fica mais melancólico. A forma com que se apresentaram desmistifica a ideia de que o tango deve ser sisudo: ambos dançavam muito concentrados, mas sempre sorrindo e agradecendo ao público, que vibrou quando os quatro dançaram juntos. Por fim, o Cafe de los Maestros arrancou "bravos" da plateia, que continuou aplaudindo o grupo em pé, mesmo após as cortinas se fecharem.