Para lembrar o dia da Língua Portuguesa (5 de maio), algumas particularidades lusitanas
Na banca de verdura:
– Ó, m´nina, dê-me um pé de salada.
E a senhorinha sai com uma alface, que aqui é vendida por quilo.
No mercado de camelôs:
– Um eurinho por vinte e quatro molas.
Olho a mão da vendedora para ver o que são molas. São os prendedores de roupa. Ou pregadores, como se dizia na minha infância.
A mesma mulher grita:
– Paninhos de secar loiça.
Os nossos panos de prato.
Atendendo o telemóvel (isto é, o celular):
– Tooooou!
Não se diz jamais alô. E a sílaba alongada é para não deixar dúvidas de que, sim, há alguém atendendo o aparelho.
O fim da ligação, ao contrário, é redundante. A pessoa repete duas ou três vezes:
– Pronto, com licença. Pronto, com licença.
Na academia que, aliás, são chamadas de ginásios, a instrutora se aproxima e diz que estou fazendo o exercício de forma errada:
– O senhor precisa abaixar um pouco mais a rabiocha.
Fazendo cadastro:
– O senhor Miguel poderia informar a porta?
Demorei para entender que queriam o número de minha casa.
No correio, preencho envelope com o destinatário na frente e o remetente no verso.
– Isto está mal, muito mal – diz a funcionária.
O remetente deve ir na parte de cima e o destinatário na de baixo da face principal do envelope. Ela risca tudo, arrumando as informações e balançando negativamente a cabeça.
Você está no meio de uma conversa com a pessoa e ela começa a repetir:
– Tá bein, tá bein, tá bein.
Não é para você parar, apenas uma forma de concordar com o que você está dizendo.
No bar, peço um chope. O garçom não entende.
Um amigo traduz:
– Ele quer um fino.
No restaurante, um prato um tanto obsceno: pica no chão.
Evito pedir informações. Um dia, tomo coragem e pergunto.
– É a galinha que pica (bica) no chão – me explica a dona do restaurante.
Galinha caipira para nós. O prato é preparado com sangue.
Num carrinho de churros, o anúncio em letras grandes: porras recheadas.
Nunca experimentei. Não gosto de churros.
Uma amiga, com que viajaremos em breve, me pergunta se já comprei a viagem.
– Não, ainda não comprei as passagens.
Um dos lugares mais famosos de Braga, na parte interna da muralha, é a Casa das Bananas. Fica na Rua do Souto (passeio dos tristes, segundo um amigo). Lá você toma um copo de vinho moscatel de Setúbal, o melhor do mundo, e come uma banana da Ilha da Madeira. Acompanhamento estranho, mas que combina.
No balcão imenso do bar, um único banco. O freguês imprevidente que busca este descanso acaba levando um susto. Assim que se aproxima, o balconista puxa uma corda e surge feroz, violento e imenso, bem do centro do banco, uma pila de madeira.
Todos riem da brincadeira, principalmente turistas de regiões mais sisudas.
Pila é como chamam popularmente e o órgão viril. Na vitrine da Casa das Bananas, há garrafas em formato de pila, algumas rompendo a caixa de papelão. Os turistas tiram muitas fotos ali.
(É com humor que vamos aprendendo estes comportamentos diferentes de uma mesma e amada língua).
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