O diplomata e historiador pernambucano Evaldo Cabral de Mello, 79, assumiu na noite desta sexta (27) a cadeira nº 34 da ABL (Academia Brasileira de Letras), sucedendo o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro (1941-2014).
Homem de discrição notória, sua cerimônia de posse teve poucos convidados. Entre eles estavam Lili e Luiz Schwarz, sócio da editora Companhia das Letras, que publicou parte importante da obra do historiador.
Em seu discurso, Evaldo falou sobre a fronteira entre história e ficção. “Se é certo que, enquanto o ficcionista inventa e imagina, o historiador apenas imagina, mas o faz sob o controle das regras precisas de um ofício que nasceu na Grécia clássica.”
Para ele, “a formação literária do historiador deve ser tão importante quanto o domínio dos métodos de sua disciplina [...] Para parecerem científicos, os historiadores já não procuram gerar interesse humano no leitor”.
Tido como um dos maiores historiadores do país, Evaldo destoa da historiografia tradicional, que ele considera excessivamente focada no Sudeste.
É especialista em história regional e conhecido por estudos do período de domínio holandês em Pernambuco no século 17, para os quais aprendeu o holandês antigo.
Irmão do poeta João Cabral de Melo Neto, Evaldo nasceu no Recife em 1936. Cursou filosofia da história em Londres e Madri e entrou para o Instituto Rio Branco em 1960. Foi do corpo diplomático brasileiro em Washington, Madri, Paris, Lima, Nova York, Genebra, Lisboa e Marselha.
Escreveu livros como “Rubro Veio” (1986), sobre o impacto da restauração contra o domínio holandês no Nordeste em confrontos como a Guerra dos Mascates (1710-12) -conflito que ele descreve em “A Fronda dos Mazombos” (1995)- e “O Negócio do Brasil” (1998), que trata dos fatores econômicos e diplomáticos da disputa entre portugueses e holandeses.
Evaldo admira a figura histórica de Maurício de Nassau, e escreveu sobre ele o perfil biográfico “Nassau: Governador do Brasil Holandês” (2006). Também organizou o volume “Essencial Joaquim Nabuco” (2010).
Na ABL, foi recebido por Eduardo Portella. José Sarney lhe entregou a espada e Alberto Venâncio, o colar.
Evaldo se junta ao coro de historiadores da ABL, que tem vozes como as de José Murilo de Carvalho e Alberto da Costa e Silva.
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