“Pet Sounds”, do Beach Boys, completa 50 anos nesta segunda-feira, 16 de maio. Um dia antes, Brian Wilson – cantor, compositor, arranjador e produtor por trás do disco, lançado em 1966 – começa sua turnê comemorativa, que sai pouco antes de uma reedição de aniversário do disco, prevista para junho.
Banda
Brian Wilson – o gênio dos Beach Boys por trás do disco. É o principal compositor das canções e assina os arranjos de todas as faixas. Também cantou e tocou alguns instrumentos no disco.
Mike Love – o cantor até hoje carrega o estigma de vilão da banda por, supostamente, ter se oposto às novas ideias de Brian para o Beach Boys. Ele nega esta versão da história.
Al Jardine – o cantor e guitarrista continua na ativa e vai se juntar a Brian Wilson na turnê comemorativa aos 50 anos do “Pet Sounds”, que começa neste domingo. Também gravou vocais no disco.
Dennis Wilson – irmão do meio de Brian e Carl. Tocava bateria e fazia backing vocals na banda. Depois de vários problemas com drogas, morreu afogado no fim de 1983.
Carl Wilson – caçula dos irmãos Wilson, era o principal guitarrista do Beach Boys. Além das vozes, gravou algumas guitarras em “Pet Sounds” e cantou uma das faixas mais famosas, “God Only Knows”. Morreu de câncer em 1998, aos 51 anos.
Bruce Johnston – o músico entrou na banda cerca de um ano antes de “Pet Sounds”, em que também gravou principalmente vocais. Ele conta que foi um dos responsáveis pela influência do disco na Inglaterra: foi ele quem apresentou o trabalho a John Lennon e Paul McCartney, dos Beatles.
A data é importante porque “Pet Sounds”, embora não tenha sido um sucesso de vendas quando foi lançado, teve influência direta sobre alguns dos artistas mais importantes de sua época, que continua ressoando até hoje.
Inspirado pelo estilo de produção de Phil Spector e instigado pela evolução dos Beatles em “Rubber Soul”, Brian – que havia conquistado todo o tempo que quisesse em estúdio ao abandonar as turnês do Beach Boys depois de um ataque de pânico – fez um disco revolucionário para o pop da época.
O músico aperfeiçoou em vários sentidos a música dos Beach Boys, que até então faziam sucesso com um canções solares sobre praia, carros, garotas. Com o letrista Tony Asher, Brian compôs músicas de temáticas mais profundas, “adultas” – tendência que já vinha mudando as feições do rock, até então mais ligado a um universo de juventude, diversão, rebeldia.
Decidido a fazer seu melhor trabalho, criou algumas melodias primorosas, buscou harmonias e recursos musicais mais sofisticados e os potencializou com arranjos sinfônicos complexos, bem construídos, enriquecidos por sons estranhos a um disco de música pop. E arrematou o resultado explorando novos territórios em termos de técnicas de gravação, fazendo “Pet Sounds” ter uma extraordinária única e uma sonoridade única. O trabalho trouxe contribuições tanto para a canção quanto para a produção, arranjos e o conceito de “álbum” como obra de arte; foi uma espécie de fundador de uma forma de fazer música pop – uma em que os artistas em questão nem precisam estar necessariamente tocando (os Beach Boys gravaram essencialmente as vozes em “Pet Sounds”; o resto coube a dezenas de músicos de estúdio).
Em uma época de saltos artísticos e ritmo de competição criativa entre os músicos, os novos territórios explorados por Brian foram logo incorporados por artistas como os próprios Beatles, que haviam servido de fagulha para a grande obra do músico.
Seguidores
Relembre trabalhos influenciados por “Pet Sounds”
Paul McCartney conta que as harmonias de “Pet Sounds” influenciaram seu pensamento musical na hora de construir suas famosas linhas de baixo, por exemplo. E que o álbum influenciou ideias como a introdução de “Here, There and Everywhere”, de “Revolver” – por sua vez, um dos mais influentes discos de rock da história.
A obra-prima dos Beatles foi diretamente influenciada por Wilson. “Eu meio que dirigi Pepper. E minha influência foi basicamente o álbum ‘Pet Sounds’”, disse Paul, em entrevista a David Leaf em 1990. “Sem ‘Pet Sounds’, ‘Sgt. Pepper’ não teria acontecido”, confirmou o produtor George Martin. “‘Revolver’ foi o começo da coisa toda. Mas ‘Pepper’ foi uma tentativa de igualar ‘Pet Sounds’.”
Antes de voltar de vez para suas raízes mais ligadas ao blues, o Rolling Stones tentou embarcar na onda psicodélica ensejada pelo “Pet Sounds” e, posteriormente, “Sgt. Pepper” , usando orquestra, mellotron e outros elementos contrastantes com o som do grupo neste LP. O resultado divide opiniões até hoje, mas é um exemplo do poder de influência que teve a obra dos Beach Boys.
O desbravamento de possibilidades em estúdio feito em “Pet Sounds” foi fundamental para o nascimento das invenções do pop psicodélico e do rock progressivo que o seguiria. Um dos exemplos de sonoridade explorada por Brian Wilson é a combinação de guitarra e cravo, que se tornou um som popular na psicodelia e aparece em gravações seminais como “See Emily Play”, do Pink Floyd.
Foi o primeiro sucesso comercial da banda escocesa Primal Scream. Marcado pela combinação de gêneros como rock, soul e música eletrônica, se tornou um dos mais cultuados e inventivos álbuns dos anos 1990. E “fortemente” influenciado pelo “Pet Sounds”, disse o vocalista Bobby Gillespie ao site “Pitchfork”. “Está no álbum todo, naqueles acordes menores, naquele senso de melodia melancólico, e na suavidade também”, disse.
Respondendo sobre uma suposta pegada anticomercial de “Ok Computer”, Thom Yorke, do Radiohead, explicou ao “Yahoo!” em 1999 que o estranhamento do novo trabalho da banda se devia mais a uma “atmosfera” que eles conseguiram transportar para a gravação – como em “Pet Sounds”. “É uma atmosfera que pode ser um pouco chocante quando você ouve pela primeira vez, mas apenas tão chocante quanto a atmosfera no ‘Pet Sounds’ [que] é uma gravação pop incrível”, disse.
Congresso mantém queda de braço com STF e ameaça pacote do governo
Deputados contestam Lewandowski e lançam frente pela liberdade de expressão
Marcel van Hattem desafia: Polícia Federal não o prendeu por falta de coragem? Assista ao Sem Rodeios
Moraes proíbe entrega de dados de prontuários de aborto ao Cremesp