A ousadia da Pixar começa pelo título, cuja pronúncia francesa e complicada pode afastar muita gente do cinema. E, como em "Os Incríveis", outro título dirigido por Bird, a censura livre e a aparência infantil da animação não impedem que o filme seja uma discussão sobre um tema maior.
Se em "Os Incríveis" Bird construiu uma obra sobre auto-aceitação, em "Ratatouille" o diretor discute vários temas, como família, amor e até a crítica de arte. Tudo a partir da história de Remy, um rato que, ao contrário de sua ninhada, detesta restos de comida e tem conhecimentos culinários.
Em Paris, Remy separa-se de sua família e acaba no Gusteau's, um restaurante de alta culinária que enfrenta a decadência após a morte de seu fundador. Através do jovem Linguini, Remy começa a realizar seu sonho de cozinhar em alto nível.
É quase desnecessário afirmar que a Pixar alcançou níveis técnicos elevadíssimos, como nenhum estúdio concorrente jamais se aproximou. "Os alimentos precisavam parecer quentes e saborosos, e não plásticos e frios", disse Mark Walsh, um dos animadores do filme.
Conseguiram. A cozinha do Gusteau's é extremamente detalhada. A equipe de "Ratatouille" pesquisou culinária a fundo e fez questão de tornar isso claro no filme. E Bird mostra isso ao longo da animação. Embora os elementos infantis estejam presentes, como ratos atrapalhados e confusões na cozinha, a maior parte do filme foi feita para adultos.
Corajoso, Bird criou uma seqüência inteira com um crítico declamando seu amor pela culinária. Em outros pontos do filme, é clara a crítica ao fast food. Tudo isso em uma animação de censura livre teoricamente feita para crianças.
O fato é que "Ratatouille" tem tudo para ser a segunda animação da história indicada ao Oscar de melhor filme a primeira foi "A bela e fera", em 1991. Se isto acontecer, o Kubrick da animação terá superado o Stanley Kubrick original. O diretor de "2001 uma odisséia no espaço" e "Laranja mecânica" nunca ganhou um Oscar de melhor filme.
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