Incomodar. Essa foi a principal motivação do espetáculo Na Cidade de Andorinhas Parte I, apresentado na noite de sábado (28), no teatro da Livraria Cultura. O público foi convidado a se dirigir ao palco, onde se acomodou em troncos de árvores colocados no chão em meio a ervas finas.
Em seguida, o auditório mergulhou na escuridão e assim permaneceu. Respiração baixa, pés roçando em ervas contra a madeira e água sendo derramada foram os únicos sons que perduraram por cerca de meia hora, alimentando o aspecto intimista da peça.
O uso de luzes e efeitos pirotécnicos, uma das principais marcas da apresentação, marcaram a entrada da única personagem, que não possuía nome. Com o andar arrastado, o corpo coberto por vários panos, ela senta-se num banco encarando a plateia, com os olhos negros feitos com maquiagem transbordando ódio e loucura.
A história narra a vida da personagem, que perde a mãe, a casa e o filho, com a culpa recaindo sobre o suposto “marido” Geremias. Ela mesma conta os fatos, deixando longos intervalos de silêncio, enquanto espera pelo trem, oscilando entre momentos de lucidez e loucura, de Deus e do Diabo.
Com história imprecisa, O Tempo e o Lugardesafia espectador
Peça tem texto de Botho Strauss, dramaturgo do Teatro do Absurdo
Leia a matéria completa“Deus fez a terra em sete dias, havia sete anjos, sete sinais, sete dores de Nossa Senhora e sete pecados capitais”, uma das referências da mulher a Deus, em quem ela acredita. Enquanto narra sua vida, ela canta, e faz sons demoníacos e mexe com os lenços, colocando-os em volta da cabeça, no chão ou no braço, o ninando como se fosse um bebê. Cada um deles representa uma fase de sua vida.
Nessa peça não existe certo ou errado, comenta a diretora Monica Bastos. “Nosso objetivo é fazer o público refletir, deixando-o livre para tirar suas próprias conclusões. Por isso, não nos preocupamos em definir uma época em que a história acontece ou dar um nome a personagem.”
O roteiro tem inspiração no trabalho de Guimarães Rosa e quem dá vida a personagem é a atriz Diana Sitonio . A peça é uma produção da Companhia do Alfinete, e teve sua estreia no Festival de Curitiba. A equipe pretende levar a apresentação para mais dois estados ainda este ano.
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