Como é bom ser eu
poeta, é como todos me chamame como isso é bonito de se ouvirbe or be not an option, shakespearea alma solitária que todos amam
sento-me numa estrela e sinto-meolfato das palavras navalhadaspaladar ácido da garrafa de absinto mepuxando pela língua a dentadas
se eu fosse o Fernando, pessoa,seria uma piada de portuguêsnão que a sua poesia não seja boaé que tenho no peito o erro da vez
água na boca dá gosto de delíciameu verso, livre, foge do lugar comume não goza com a cópia subreptíciaminha puta poesia não dá pra qualquer um!
Antonio Thadeu Wojciechowski, poeta, compositor, publicitário, professor de literatura e língua portuguesa. Tem 61 anos.
Coisas do coração
peguemos como exemploa artéria aorta.a aorta ascendente ésubdividida em raizaórtica, bulbo aórticoe segmento tubolar.a maior parte da aortaascendente é intrapericárdicao arco aórtico se estendeda origem da artéria inominadaaté o sítio de inserção do ligamento arterioso a aorta descendente se estende do ligamento arterioso até o então hiato aórtico.lembrando que o diâmetroda aorta torácicaé maior no arco.
e é por estas e por outras queo que eu sinto por você de fatonão vem do coração.
Alexandre França, escritor, músico e diretor teatral da companhia Dezoito Zero Um. Tem 29 anos.
o começo de tudoisso simé o enfim do mundo
Estrela Leminski, escritora, compositora de música brasileira e mestre em música pela UFPR. Tem 30 anos.
neve de 75
tantos anos já a neve de 75 após, nunca mais e se vive à espera de renovado branco e gélido despencar dos céus (a neve de 75 é só o que se tem, ai) mas e os demais dias que seguiram daquele, digamos, alpino (norte-americano natalino, ou de inverno europeu)? por que não foram consideradas estreladas noites outonais chuvas lavando o odor das primaverasa fina brisa balançando o amarelo dos ipêsas vermelhas luas tropicais? (não houve o que na História já não há) ah a vocação para melancolia o gosto do masoquista recolhimento ah a Neve de 75... entretantoque bela manhã de verão hoje está fazendo
Luiz Felipe Leprevost , poeta e Escritor. Tem 32 anos.
Afélio
O tempo deixou viver as miniaturas e as árvores assentem
como em todas as infâncias e assim se identifica a docidão
Será mentira uma caneta que desliza como se não fosse passos em falso: qualquer movimento um da capo
Será mentira um fadário de todo dia colher as contas e resignar-se depois das seis as margaridas dormem
Mentira que a voz perdura e que as pinceladas não borram: nunca se poderá segurar um carmim
Entre todas as pétalas aquela que sobre o tapete numa escuridão particular suspirará a bailarina de lápis-lazúli
Todas as verdades eram tão críveis quanto o fogomenos uma e sempre podemos confiar em uma porque:era mentira
No baile serviçais banguelas e saltos inexecráveis eram falsia mas do passado não se requisita cabimentos
Tudo destramente ali ao lado das luvas e das chaves tudo menos isto:
seus olhos numa escultura sua gravidade cujo segredo instaurou libélulas sua pele cheia de pontos perigosos seu discurso onde incidiram traças
Galos e riachos insubjugáveis.
Luci Collin, poeta, tradutora e professora de língua inglesa na UFPR. Tem 47 anos.
nau sea
Heitor Humberto, poeta, músico, jornalista. Vocalista da banda Gentileza. Tem 27 anos.
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