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Grevistas dos Correios fizeram passeata pelo centro de Curitiba | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Grevistas dos Correios fizeram passeata pelo centro de Curitiba| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Artistas

A partir de hoje, o Memorial de Curitiba recebe sete artistas que fazem parte da 4.ª Mostra Latino-Americana de Artes Visuais – VentoSul, que reúne obras inéditas e de repertório de 37 artistas brasileiros e estrangeiros. Estarão expondo no Memorial os seguintes artistas:

• Albano Afonso (São Paulo)• Alex Flemming (São Paulo – Berlim)• Frederico Dalton (Rio de Janeiro)• Janaína Tschäpe (Munique – São Paulo – Nova Iorque)• Márcia Xavier (Belo Horizonte – São Paulo)• Nina Moraes (São Paulo)• Patrick Hamilton (Louvain – Santiago)

Arte latino-americana em cena

Sob o tema Narrativas Contemporâneas, os curadores da 4.ª Mostra Latino-Americana de Artes Visuais – VentoSul, Fábio Magalhães, Fernando Cocchiarale e Ticio Escobar reuniram artistas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Paraguai e México para construir um panorama da arte contemporânea produzida no continente.

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Um tripé de metal serve de base para uma estrutura de plástico, em forma de anel, que sustenta 300 litros de água. Em um híbrido de cinema e escultura, a artista plástica Márcia Xavier construiu um objeto ótico localizado na Praça Osório, em Curitiba. A idéia é que as pessoas passem por baixo da obra "Olho D’Água" e possam sentir a vertigem de estar em uma espécie de "cinema 3D" e ver a cidade através dele, explica a artista.

A intervenção faz parte da 4.ª Mostra Latino-Americana de Artes Visuais – VentoSul, que desde a última quarta-feira trouxe à cidade obras de 37 artistas brasileiros e estrangeiros.

As imagens dos estudos de "Olho D’Água", de Márcia Xavier, apresentam indicações científicas que acabam se incorporando ao jogo proposto pela artista. "É uma espécie de ciência enganosa", explica. "Os objetos óticos são super bem acabados porque precisam funcionar. Mas é uma ciência com finalidade emocional e não racional. São feitos para confundir, não para esclarecer."

A artista constrói desde 2000 seus objetos óticos, após um período em que trabalhou com auto-retratos. "Nos quais já estava presente a questão do movimento e da distorção", aponta Márcia, que desde cedo se interessou pela estrutura de binóculos, lunetas e microscópios. "Não para ver o mundo real, mas o mundo distorcido".

Além da estrutura montada na Praça Osório, a artista apresenta um vídeo com imagens aéreas da praça, exibido no Memorial de Curitiba. "O vídeo mantêm a idéia de vertigem e a sensação da vida urbana", explica a mineira, que teve seus primeiros contatos com imagens aéreas através de seu pai – piloto de avião.

Márcia Xavier é uma das sete artistas que estarão expondo, a partir de hoje, no Memorial de Curitiba (Rua Claudino de Santos, s/n.º). Participam do espaço Albano Afonso, Alex Flemming, Frederico Dalton, Janaína Tschäpe, Nina Moraes e Patrick Hamilton.

A edição deste ano da VentoSul procurou dar mais espaço às obras de cada um dos artistas, em número menor do que nas edições anteriores. "A idéia corresponde a uma tendência que se sente ‘no ar’, de reduzir o formato das exposições. As bienais contêm um excesso faraônico de obras e o conceito de laboratório de tudo o que se produz em arte está em crise", esclarece um dos curadores e idealizadores da mostra, Ticio Escobar, que divide a curadoria da mostra com Fábio Magalhães e Fernando Cocchiarale.

A paulista Nina Moraes apresenta 17 obras construídas a partir de colagens. "Um olhar em cima das coisas já prontas e mudar os seus significados, tirando o caráter de dejeto dos objetos", explica a artista, que usa itens do cotidiano, como adesivos, papéis de presente, catálogos, entre outros, para elaborar seus trabalhos.

A artista ressalta o caráter pictórico de suas colagens, que se relacionam com as molduras e com os fundos. Para a mostra, Nina selecionou trabalhos de diversas épocas de sua carreira, que não trazem rupturas, mas a idéia de continuidade. "Eles foram escolhidos pela associação pictórica. As obras vão se modificando com o tempo, mas não perdem a idéia principal", reflete.

Outras narrativas

Os trabalhos de Nina dialogam com as colagens e interferências entre fotografias e objetos apresentadas por Patrick Hamilton, nascido em Louvain (Bélgica), mas que passou a maior parte de sua vida no Chile, onde alcançou grande expressão no cenário das artes visuais. Com técnicas mistas, Hamilton já participou de bienais em várias cidades do mundo, se apropriando de objetos industriais e de uso cotidiano para construir ambientes, pinturas e instalações. A ironia e o questionamento da sociedade pós-industrial fazem parte do eixo temático do artista.

Já Alex Flemming, que expôs no Masp e nas bienais de São Paulo e do Mercosul e atualmente trabalha em Berlim, apresenta uma série de fotografias e montagens inéditas, nas quais seus temas recorrentes – o erotismo, a violência, o poder e a religiosidade – se relacionam com a idéia de narrativas proposta pelos curadores.

A presença e ausência de luz como forma de construção de imagens foi o caminho escolhido pelo paulista Albano Afonso, que apresenta projeções de luzes e reflexos no Memorial. Entre suas obras, "O Enforcado", que se forma através de um jogo de sombras.

A questão da luz e da tecnologia é também discutida por Frederico Dalton, do Rio de Janeiro, que produz um jogo ótico por meio de caixas e maquinárias construídas em lata, que coloca a tecnologia de ponta em contato com construções arcaicas.

A artista Janaína Tschäpe trouxe à mostra um trabalho poético e lírico, elaborado por meio de fotografias de grande formato. Partindo de objetos orgânicos, a artista penetra no mundo dos sonhos e das fábulas, provocando uma sensação de estranhamento no público e um diálogo entre arte e literatura.

As exposições ficam em cartaz no Memorial de Curitiba durante toda a duração da Mostra VentoSul, que acontece nos meses de setembro, outubro e novembro. A programação completa pode ser encontrada no site www.mostraventosul.com.br e pelo fone (41) 3223-8424.

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