Febre em várias partes do mundo há um mês, o game “Pokémon Go” chegou oficialmente ao Brasil nesta quarta-feira (3). No jogo, disponível nas lojas virtuais da Apple e do Android, usuários têm de caçar personagens no mundo real, usando a câmera do celular.
O lançamento causa excitação para potenciais usuários, dada a natureza do produto: a união de uma série nostálgica e uma nova tecnologia em um aparelho amplamente disseminado, o smartphone. Ao mesmo tempo, causa certa preocupação com a segurança.
De acordo com números da consultoria App Annie, o jogo foi instalado mais de 100 milhões de vezes e tem gerado US$ 100 milhões de receita diária com usuários dos sistemas iOS (Apple) e Android (Google).
O Brasil foi apenas o 38º país a receber o jogo. A espera pelo produto teve seus percalços: nesta semana, o perfil no Twitter de John Hanke, diretor-executivo da Niantic, foi hackeado em um protesto pela demora.
Caçada urbana
Um dos motivos para a atenção obtida pelo jogo é a realidade aumentada, tecnologia que em casos avançados permite exibir hologramas e imagens 3D no campo de visão do usuário, misturando o real e o virtual. No caso de “Pokémon Go”, a aplicação é mais simples: ver o mundo por meio da tela do smartphone e sair em busca de criaturas como Pikachu para treiná-las.
“A realidade aumentada já havia sido testada antes, mas não em um aparelho com base instalada suficiente para que contagiasse um número de usuários tão grande. O celular muda isso”, diz Marcelo Tavares, presidente da feira BGS (Brasil Game Show), ao explicar parte dos motivos do sucesso do game.
O jogo causa essa comoção, entre outros motivos, por “sair da tela”, mudando a lógica dos games até agora, diz o historiador Helyom Viana-Telles, pesquisador do grupo de comunidades virtuais da Universidade Estadual da Bahia. “É uma ideia simples, de caçar monstrinhos. O cara pode sair e se reconectar com a cidade, dando uma outra dimensão ao lazer dos jogos”, afirma ele.
Pokémon Go
Para Juliana Cunha, psicóloga e coordenadora de canal de ajuda da ONG Safernet, é interessante que o jogo vá contra estereótipos geralmente presentes em relação a esse tipo de produto, com usuários “isolados, que não saem e não se engajam no mundo off-line”. “‘Pokémon Go’ permite uma interação com o ambiente”, diz ela.
Ao mesmo tempo, isso pode causar certos problemas - já houve relatos de assaltos e acidentes envolvendo o game.
A analista de telecomunicações Amanda Tinocco, 38, diz que ficou angustiada ao receber a notícia do lançamento do jogo. Há dois anos, seu filho, Gabriel, 16, morreu em uma rua do Rio ao cumprir uma missão para o jogo “Ingress”, desenvolvido pela mesma produtora, a Niantic. Alguns dos dados de mapeamento de “Pokémon Go” vieram do game anterior.
O adolescente foi atropelado por um ônibus ao tentar realizar uma determinada conquista no jogo, do outro lado da rua.
“É complicado misturar virtual e real”, diz ela. “No mundo real, os perigos também são reais e às vezes as consequências não têm volta”, afirma ela.
Cunha recomenda que os pais conversem com os filhos antes de eles iniciarem suas missões. É preciso orientá-los sobre cuidados nas ruas para evitar acidentes e também sobre a interação com estranhos.
“Há um risco de aliciamento. Vale falar sobre com quem eles podem conversar, evitar o contato com estranhos, ficar apenas perto de amigos e conhecidos”, recomenda ela. Jogadores de até 11, 12 anos devem estar sempre acompanhados.
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