O show do grupo de rap Racionais MC's, realizado na madrugada deste domingo (6) em um palco montado em frente à Catedral da Sé, na região central de São Paulo, durou apenas meia hora e terminou em tumulto e quebra-quebra após confronto do público com a polícia. Cerca de 30 pessoas foram detidas.
No incidente, pelo menos duas pessoas ficaram feridas e foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros. Um homem de 21 anos e uma mulher de 22 anos tiveram ferimentos na cabeça e foram levados para o pronto-socorro Vergueiro.
Como foi a briga
A apresentação começou às 4h30, com uma hora e meia de atraso, e durou menos de meia hora. Um tumulto na platéia, logo no início do show, foi reprimido com balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio. Na segunda música, parte da platéia começou a insultar policiais que reagiram com bombas de efeito moral. Durante o confronto, houve pânico entre as pessoas presentes no local, que se dirigiram à estação Sé do Metrô tentando fugir do confronto entre polícia e fâs do grupo.
Cerca de 30 pessoas foram detidas e encaminhadas para o 1º Distrito Policial, na Sé, Região Central de São Paulo, neste domingo (6) para prestar depoimento e averiguações.
Nesta manhã, o resultado da confusão podia ser visto em vários pontos da região central. Orelhões e banheiros químicos destruídos, lojas depredadas, carros amassados e grades arrancadas. A assessoria da Polícia Militar disse que o incidente foi gerado por "incitação por parte do conjunto". As pessoas teriam começado a arremessar garrafas contra os policiais que teriam reagido. Funcionários do Metrô das Estações Sé e Liberdade solicitaram reforço policial.
Mano Brown pediu calma
Mano Brown, aclamado como líder da comunidade da periferia, bem que tentou acalmar os ânimos do público que lotou a Praça da Sé, na região central. "Na humildade, vamos zelar pela vida dos nossos irmãos", falou. "Vamos ignorar a polícia, essa festa é nossa, vamos continuar." A polícia disse que houve incitação por parte do grupo. A equipe da Força Tática do 1º Batalhão da Polícia Militar foi enviada ao local.
Durante a apresentação do DJ nova-iorquino Premier, por volta das 3h, fãs do grupo invadiram a área na frente do palco destinada a imprensa e convidados. Parte do público tinha subido não só em uma banca de jornais, como também invadido as varandas dos prédios ao redor.
Quando Mano Brown entrou no palco ao lado de Kl Jay, Edy Rock e Ice Blue, às 4h30 (com 1h30 de atraso), ao som de "Eu sou 157", boa parte do palco e das estruturas já estavam dominadas. O show foi paralisado, e os insultos à polícia foram respondidos com balas de borracha.
Algumas crianças e uma mulher grávida estavam na frente do palco, quando os tiros ficaram ainda mais intensos, e o corre-corre se tornou geral. O cheiro de gás lacrimogêneo era insuportável. Muita gente deitou no chão.
Minutos antes, em cima do palco, o senador Eduardo Suplicy fazia ligações de seu celular, tentando prevenir a situação de caos que tomou conta do Centro pouco depois das 5h. Kl Jay, DJ do Racionais, permanecia imóvel, com as duas mãos sobre os toca-discos.
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