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RomanceContraponto - Aldous Huxley. Tradução de Erico Verissimo e Leonel Vallandro. Biblioteca Azul/Globo Livros, 688 págs., R$ 59,90 | Divulgação
RomanceContraponto - Aldous Huxley. Tradução de Erico Verissimo e Leonel Vallandro. Biblioteca Azul/Globo Livros, 688 págs., R$ 59,90| Foto: Divulgação

Publicado quatro anos antes de Admirável Mundo Novo, Contraponto, o mais longo e complexo romance de Aldous Huxley, traz o escritor sob influência de Proust (1871-1922) e aplicando técnicas da polifonia musical à narrativa.

A referência vem explícita logo no título do livro: contraponto nada mais é que a sobreposição de duas ou mais vozes melódicas em uma composição musical. E é exatamente isso o que Huxley faz em seu quarto e brilhante romance. A partir de um vasto elenco de personagens, em sua maioria inspirados em figuras conhecidas da cena literária da época (inclusive ele mesmo), o autor ironiza o meio intelectual europeu dos anos 20, atônito diante das rápidas transformações sociais causadas pelo fim da Primeira Guerra Mundial.

A trama tem início com foco no triângulo amoroso formado por pelo jovem e inseguro escritor Walter Bidlake, cujo relacionamento com Marjorie Carling está prestes a ruir, graças à paixão que ele sente pela independente e rica Lucy Tantamount (inspirada na escritora e ativista inglesa Nancy Cunard, com quem Huxley teve um breve e frustrado namoro).

As histórias desses personagens vão, aos poucos, sendo interligadas com as de tipos como o cerebral escritor Philip Quarles (alterego do próprio Huxley), o pintor Mark Rampion (baseado no autor inglês D. H. Lawrence), o cético intelectual Maurice Spandrell (uma espécie de Charles Baudelaire), entre muitos outros.

A alma de Contraponto reside nos afiadíssimos diálogos entre esses personagens e em seus diferentes pontos de vista. Cada aparição de Spandrell na trama, por exemplo, vale uma releitura. Interessante ainda prestar atenção nos conceitos literários defendidos por Quarles, que dão exata noção do processo criativo de Huxley. Já a heroína Lucy é de fazer inveja a qualquer personagem feminina de F. Scott Fitzgerald (O Grande Gatsby foi publicado três anos antes de Contraponto). GGGG

GGGGG: Excelente; GGGG: Muito bom; GGG: Bom; GG: Regular; G: Fraco; 1/2: Intermediário; N/A: Não avaliado

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