• Carregando...
Ficha da prisão de Sônia Hadad Hernandes, divulgada pela polícia de Palm Beach, nos EUA | Divulgação/Polícia de Plam Beach
Ficha da prisão de Sônia Hadad Hernandes, divulgada pela polícia de Palm Beach, nos EUA| Foto: Divulgação/Polícia de Plam Beach

Não é escola. Não é sede de companhia de teatro. O ACT – Ateliê de Criação Teatral, criado em 2000 pelos atores Luis Melo e Nena Inoue e pelo cenógrafo Fernando Marés, é um centro de pesquisa. Por isso, em 2007, não vai haver muita novidade na programação cênica do espaço. Afinal, a continuidade e o aprofundamento de um estudo são características inerentes à rotina de um laboratório, seja ele científico ou ligado ao universo cênico, como é o caso.

Mas, sempre é surpreendente rever os resultados do processo de trabalho do ACT. Ou conhecê-los, já que uma das montagens mais significativas do ateliê, concebida em 2005, nem chegou a estrear por aqui: a peça Daqui a Duzentos Anos, protagonizada por Luis Melo e dirigida por Marcio Abreu, da Companhia Brasileira de Teatro. "É uma montagem íntima, feita para espaços menores, por isso, precisa de apoio, principalmente se tiver como proposta preços populares", explica o ator. Diante da dificuldade em encontrar um espaço adequado para uma longa temporada na cidade, a peça só foi vista em três apresentações realizadas no Festival de Teatro de Curitiba de 2005.

Visibilidade

Em março, a peça será apresentada novamente ao público do Festival de Teatro, juntamente com amostras de outros trabalhos desenvolvidos pelo ACT em 2006. E não duvide que o que se verá seja uma nova versão do espetáculo, já que ele foi ganhando personalidade à medida que corria chão nas turnês feitas pelo país. "O amadurecimento do espetáculo acontece com a visibilidade. É mostrando o trabalho pelo país que percebemos a sua real dimensão dentro do panorama nacional do teatro".

Daqui a Duzentos Anos transportou contos de Tchekhov para os palcos sem adaptar sequer uma linha escrita pelo autor russo. O trabalho com a palavra também faz parte da pesquisa feita pela companhia de Marcio Abreu. Mas, ninguém copiou ninguém. E a semelhança não é mera coincidência. O ACT tem como uma de suas propostas estabelecer intercâmbios com grupos de teatro com os quais se identifica como, para citar outro exemplo, o Grupo Galpão, em cuja sede, em Belo Horizonte, o elenco da peça fez residência no ano passado.

Este ano é a vez do ACT receber residentes. Serão dois, ainda não definidos, mais a "ocupação" do espaço por uma intervenção de artes plásticas – frisa-se o termo porque o artista vai poder pintar e bordar na sede, "o que seria impensável em um museu", diz Melo. Com isso, pretende-se dar continuidade ao Ciclo Multiárea, que traz à cidade artistas de diferentes segmentos para participar de oficinas, cursos, debates, mostras, exposições, encontros, lançamentos, entre outras atividades. "O projeto investe no diálogo entre as artes, que permite que o teatro fique mais livre, receba mais estímulos, assim como ele também estimula outras áreas", diz Melo.

Cartas brasileiras

A pesquisa da narrativa – mais uma vez, a palavra – vai ganhar impulso com o aprofundamento do Projeto Cartas. A intenção é criar uma viagem cênica pela história do Brasil por meio de correspondências – Melo cita, como exemplo, as cartas do artista Hélio Oiticica à esposa e também artista Lygia Clark; do cartunista Henfil à mãe; do nordestino pobre e anônimo que vive em São Paulo à mãe. O processo terá mostras ao longo do ano, mas a previsão de estréia de um espetáculo sobre o tema está prevista somente para 2008.

Outro intercambista que integra o ACT é o ator, dramaturgo e diretor Roberto Innocente. O italiano, que há dois anos adotou Curitiba para viver e trabalhar, coordena o núcleo de Commedia Dell’Arte do espaço. Este ano, pretende se integrar aos artistas nacionais para transpor o gênero para a realidade nacional. Aguardem Curupira e o Saci Pererê em papéis antes reservados a figuras como Colombina e Arlequino.

A intenção de Melo, com o tempo, é criar uma companhia teatral própria, formada não só de atores, mas de artistas das mais diversas áreas que participam dos projetos desenvolvidos pelo ACT. "Essas pessoas levam a experiência do processo para os seus próprios grupos. Mas, a intenção é mesmo essa, não prender no ACT, mas ir procurando afinidades, estabelecendo trocas e enriquecendo a produção teatral em Curitiba", finaliza.

Serviço: ACT – Ateliê de Criação Teatral (R. Paulo Graeser Sobrinho, 305 – São Francisco), (41) 3338-0450/3338-6189.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]