O que esperar do concerto de uma orquestra filarmônica? Um repertório que inclui Glenn Miller, Pixinguinha, Adoniram Barbosa, Tim Maia e Skank não é exatamente a primeira idéia que vem à cabeça. Também não seria o caso de se pensar em músicos jovens (com 16 anos, em média), percorrendo um palco em movimentos coreografados enquanto tocam instrumentos elétricos. Até vocalizações eles fazem. Essa, no entanto, é exatamente a cara da Filarmônica Orquestra Show, desdobramento pop da tradicional Filarmônica Antoninense, banda da cidade do litoral paranaense.

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O grupo sobe hoje a serra para apresentar-se em Curitiba, às 21 horas, no Canal da Música. A entrada é gratuita. Na oportunidade, também será lançado o primeiro CD da banda e gravado um especial de fim de ano para o canal público Paraná Educativa. A orquestra conta agora com o patrocínio da estatal Petrobrás. "Essa apresentação é um sonho, não apenas da orquestra propriamente dita, mas da Filarmônica Antoninense, e de toda a cidade. Havia uma cobrança muito grande para que gravássemos um disco. Hoje nós conseguimos realizar esse sonho", afirma o maestro titular Denis da Silva.

O regente tem 28 anos e é o componente mais velho da Filarmônica Orquestra Show. Diz que a história do conjunto também é a de sua própria vida. Como um garoto de "essência evangélica", Silva sempre viveu metido em apresentações musicais nas igrejas. Aos 11 anos, ingressou na Filarmônica Antoninense com mais 120 colegas – a tuba era seu instrumento.

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Em dois anos, já apaixonado por MPB e chorinho, mudou para o trombone de vara. Também freqüentou as aulas de Teoria Musical e Divisão Métrica na escola mantida pela banda. Era tão bom aluno que assumiu o curso quando a professora foi embora. Deu aulas de trombone e recebeu (aceitando, claro) o convite para ser contra-mestre da banda. De auxiliar de regente, assumiu a batuta de maestro titular do grupo, consagrado nas competições estaduais e nacionais. Nos seus 30 anos de existência, a banda foi campeã paranaense 22 vezes, três vezes campeã brasileira, e ainda conquistou uma vez o título de melhor banda sinfônica da América do Sul.

"Eu sou apaixonado por música popular e banda era um segmento direcionado a eventos cívicos, tocando dobrado, marchas. Eu queria formar uma orquestra para tocar MPB e outros estilos de música", afirma Silva. Em 2001, foi criada a Filarmônica Orquestra Show, como uma subdivisão do conjunto já existente, durante o Festival de Inverno da UFPR. Da banda tradicional foram selecionados os melhores músicos de sopro, bateria e percussão. O baixo elétrico entrou em substituição à tuba. Foram acrescentados a guitarra, o teclado e o piano, todos instrumentos eletrônicos. O repertório passou a abranger jazz, blues, e compositores como Tim Maia e Raul Seixas.

"Encontrei dois diferenciais para a orquestra. Primeiro, ter uma formação de jovens e crianças. A segunda característica forte foi o acréscimo de coreografias. A gente tem o show todo coreografado", explica o regente. Na apresentação de hoje, os instrumentistas deverão, pela primeira vez, também fazer backing vocals. O repertório será eclético. "O objetivo é alcançar todos os gostos musicais. Vamos tocar Jota Quest, Skank e Glenn Miller. Fazer temas das grandes orquestras e também as músicas de sucesso, do momento. Por isso, a orquestra tem pouco a ver com a banda, porque as propostas são bem distintas", conclui o regente.

Serviço: Filarmônica Orquestra Show.Apresentação e lançamento do CD. Canal da Música (R. Júlio Perneta, 695), (41) 9927–0328. Hoje, às 21 horas. Entrada franca.