Rádio
Local com tratamento global
No ar desde 1997, com estreia na Educativa e mudança para a Lumen (99,5 FM) em 2004, o programa Último Volume foi criado com o objetivo de veicular em Curitiba lançamentos da Inglaterra, Estados Unidos e Japão. O projeto foi mudando conforme passou a ser procurado por bandas curitibanas. Hoje com audiência média de 3,5 mil pessoas, o programa veiculado às 23 horas, aos domingos inverteu parte da lógica. Ao invés de apenas trazer para Curitiba o que era lançado lá fora, tem ajudado a divulgar a cena local aqui e no exterior com projetos como o UV Mobile, que faz links ao vivo de performances das bandas. "É impressionante como tem gente de fora que ouve, mesmo sendo em português", diz Neri da Rosa, que dirige o programa ao lado de Marco Stecz.
Independência
A linha de curadoria do programa não mudou: continua ligada ao "espírito independente". "Não pode ser ultrapop. Tem que ter proposta de independência, sem estar preocupado em ser famoso ou ganhar dinheiro. Tem que estar preocupado com a música", explica Rosa, que diz não haver "bairrismos". Os critérios são os mesmos para bandas curitibanas ou estrangeiras; se estão lado a lado na programação, é porque houve um salto de qualidade na música feita aqui. "As bandas estão melhor informadas", diz Rosa. "As ferramentas estão mais fáceis para quem tem disposição e foco, e apareceu muita coisa boa em função disso", diz. "A nossa missão é apresentar."
A ideia é simples: quanto mais artistas participarem do projeto, mais gente vai divulgar. Consequentemente, mais gente também vai assistir. Assim se justifica o desafio de juntar cerca de 30 músicos no clipe de uma mesma canção, que os criadores do projeto Playing for Curitiba decidiram encarar e cujo resultado pretendem mostrar no dia 4 de março. Nomes locais como Big Time Orchestra e Michele Mara, Vinicius Nisi e Uyara Torrente (da Banda Mais Bonita da Cidade), Jô Nunes, Vilma Ribeiro, Ângelo Esmanhoto e Alexandre França, entre outros, se espalharam pela cidade para gravar a música "Ai Ai Ai", de Mauro Barbosa.
Tocando por Curitiba
A empreitada é liderada por Luciano Cordoni e Rodrigo Ferreira do Amaral, da Rádio Música Curitibana (um dos blogs hospedados no site da Gazeta do Povo), e pelo músico e produtor Eugênio Fim. O formato é diretamente inspirado pelo projeto internacional Playing for Change. Traduzido como "tocando por trocados" ou "tocando por mudança", o trabalho começou com um documentário sobre músicos de rua ao redor do mundo, e hoje é uma fundação que promove a educação musical.
A ideia curitibana tem um fundo mais irônico: os artistas são mal remunerados, a música local é pouco conhecida e a mudança em vista é a valorização da cena. "A arte é muito mais que isso. As pessoas têm que começar a valorizar. Por isso a ideia é tocar por Curitiba. Queremos fazer com que as pessoas enxerguem os artistas e ouçam a boa música que existe aqui", diz Amaral.
Um desses exemplos é justamente "Ai Ai Ai". Para Amaral, trata-se de "um hit" à primeira vista. O arranjo coletivo começou com uma base, gravada com ukelele e voz, no início de dezembro. Depois, cada instrumentista foi gravado separadamente. As participações foram registradas com um equipamento móvel de gravação de áudio e duas câmeras em locais como a Praça Espanha, Teatro Guaíra, calçadão da Rua XV de Novembro, Museu Guido Viaro, Bosque João Paulo II e Parque Barigüi. Pequenas amostras dos vídeos podem ser conferidas no YouTube.
"Talvez não usemos tudo", reconhece Amaral. "Vamos tentar, mas talvez fique uma bagunça", brinca. A ambição estética é modesta. O objetivo é fazer algo simples, mas que sirva como uma espécie de vídeo publicitário para divulgar a cena. O trio espera que "Ai Ai Ai" seja o primeiro de uma série, toda gravada sobre canções de compositores de Curitiba, e sempre contando com a colaboração dos pares. "Seria mais difícil promover um vídeo que tivesse somente um artista. Do jeito que estamos fazendo, o projeto envolve o ego de todo mundo", revela.
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