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Turnê de Robert Plant passa por seis capitais brasileiras em outubro. Ingressos para o show em Curitiba são os mais caros do país | Divulgação
Turnê de Robert Plant passa por seis capitais brasileiras em outubro. Ingressos para o show em Curitiba são os mais caros do país| Foto: Divulgação

Interatividade

Leia alguns depoimentos de internautas sobre este assunto nos blogs A Noite Toda e Sobretudo, da Gazeta do Povo:

Rodrigo

Por este valor (plateia no Guaíra) eu compro uma pista premium em Porto Alegre, passagens de avião, estadia e ainda sobra um pouco...

Rogério Rossi Horochovski

É showbiz, é entretenimento, oferta e procura. Tão achando que vai vender, se vender estão certos. Show do Robert Plant não é um direito do cidadão, e o cara que trouxe que cobre o que quiser. Pode acreditar, o motivo do empresário que está trazendo, do Teatro Guaíra e do Robert Plant é ganhar dinheiro e mais nada.

Allison Siviero

Nem que ele trouxesse o Page junto esse preço seria justo. Ridículo. Morei anos em Londres e lá os shows não passavam de 30 libras. (...) Mas, mesmo assim, o que se vê no Brasil, especialmente em Curitiba, é o reflexo da imbecilidade dos organizadores ao achar que o público é idiota...

Marcelo Lopes Buch

Assistiremos ao show sentados e na cara do homem. Se considerarmos deslocamento de avião para outra cidade, táxi, hotel, refeições e tempo gasto em aeroporto, trânsito etc.... acho que sai elas por elas. E é agora ou nunca mais!

Serviço:

Confira as informações do show Robert Plant & The Sensational Space Shiftersno Guia Gazeta do Povo

Se você pretende assistir ao show de Robert Plant no Teatro Guaíra, no dia 27 de outubro, talvez precise fazer uma engenharia financeira: os ingressos de inteira para a plateia custam R$ 840, ou 35% a mais do que o salário mínimo em vigor, R$ 622. No primeiro balcão, o valor cai para R$ 640 (ou R$ 320 a meia-entrada), e para R$ 460 (R$ 230 a meia) no segundo balcão – já esgotado (veja o serviço completo do show no Guia Gazeta do Povo). É o ingresso mais caro entre as seis capitais brasileiras que vão receber a apresentação do ex-vocalista do Led Zeppelin – e o mais alto de toda a turnê, até agora.

No Rio de Janeiro, por exemplo, onde Robert Plant se apresenta no dia 18 de outubro, no HSBC Arena, os ingressos variam entre R$ 90 (a meia-entrada nas cadeiras Nível 3) e R$ 400 (a inteira na BudZone). Na capital paulista, o show – que acontece no dia 22 de outubro, no Espaço das Américas – custa entre R$ 120 (a meia-entrada na pista) e R$ 400 (a inteira na BudZone). Já em Porto Alegre, última capital a receber a turnê, no dia 29 de outubro, no ginásio Gigantinho, os ingressos variam entre R$ 130 (arquibancada) e R$ 250 (pista premium).

Mas por que os curitibanos vão ter de desembolsar tanto dinheiro para ver de perto o ex-integrante do Led Zeppelin? A primeira – e mais óbvia – explicação diz respeito às dimensões do teatro Guaíra, em comparação aos outros espaços que vão receber a turnê no Brasil. "O Guaíra é o menor lugar onde o Robert Plant está se apresentando", explica Verinha Walflor, produtora responsável pela vinda do cantor e compositor britânico. O teatro tem 2.167 lugares, mas a quantidade disponível para o público é ainda menor. "Descontando as cotas de convites, as cortesias para o pessoal de apoio, imprensa, patrocinadores e a quantidade reservada pelo próprio teatro, sobram aproximadamente 950 lugares na plateia, 536 no primeiro balcão e 478 no segundo, totalizando por volta de 1.960 assentos", revela a produtora.

É uma capacidade muito inferior à de todos os outros espaços da etapa brasileira da turnê, que variam entre 8 mil (Espaço das Américas, em São Paulo) e 45 mil pessoas (Expo Minas, em Belo Horizonte). Verinha justifica a escolha do Guaíra: "A produção nacional, em comum acordo com o Robert Plant, quis que um dos shows no Brasil fosse num teatro, e a praça escolhida foi Curitiba. Considero muito honroso para a cidade, e acho que o público deveria se sentir homenageado. Nenhum outro lugar do Brasil terá o conforto, a qualidade de som e o encantamento do Guaíra. Não vamos ver o Robert Plant no Expotrade... e o público está pagando por este conforto."

Outro motivo apontado pelos produtores para o valor dos ingressos é a lei da meia-entrada. "A gente faz uma conta em todos os espetáculos, considerando que 90 a 95% dos ingressos comercializados são de meia-entrada", conta Verinha Walflor. "Se não existisse a lei da meia-entrada, os ingressos custariam R$ 420, R$ 320 e R$ 260 para a plateia, o primeiro e o segundo balcões, respectivamente. Acontece que muita gente tem carteirinha falsa, não existe fiscalização nenhuma, e a coisa vira uma bola de neve. Desde que criaram essas leis, os preços foram lá para cima. A meia-entrada vira a inteira, e a meia dúzia que não tem carteirinha acaba pagando muito mais caro. Também não acho justo, mas não temos alternativa", desabafa.

Verinha enumera mais algumas razões para justificar o preço do ingresso do show de Robert Plant. "Tem o cachê do artista, que é bem alto, os serviços de camarim, catering, almoço, jantar e hospedagem para 33 pessoas, passagens aéreas, transporte de equipamentos, aluguel do teatro, impostos, pagamento do Ecad, sindicatos, os 3% de cada ingresso vendido pela internet... é uma infinidade de custos", destaca. "Estamos correndo o risco. As despesas estão praticamente iguais ao valor a ser arrecadado com uma bilheteria lotada."

Repercussão

Fábio Neves, da Seven Entretenimento, que recentemente trouxe o show da banda norte-americana Maroon 5 ao Expotrade, confirma as explicações de Verinha Walflor. "O Guaíra é o menor espaço a receber o show, é uma produção muito cara e o cachê dele é alto", assegura. "Curitiba precisa de uma casa para shows de médio porte, para umas 6 mil pessoas, mas que seja moderna e confortável. O Curitiba Master Hall é um espaço ultrapassado, não tem condições de receber um artista desse nível. Sem a Pedreira, temos apenas dois ótimos teatros: o Guaíra e o Positivo, mas que têm problemas de espaço e de pauta."

Para Chrystian Ramos, da Futura Produções, que está trazendo a cantora canadense Alanis Morissette ao Curitiba Master Hall, o valor do ingresso para o show de Robert Plant é justo. "O custo de produção para viabilizar um show desses no Guaíra justifica esse preço. Além disso, ainda temos muita dificuldade de estrutura na cidade: muitas vezes precisamos trazer profissionais e equipamentos de som e luz de São Paulo", comenta. "Os artistas também deveriam se conscientizar e parar de esfaquear os produtores, pois boa parte dos cachês ultrapassa os US$ 100 mil. Além disso, a concorrência entre os próprios produtores acaba encarecendo esses cachês, e, em consequência, o valor final dos ingressos."

Diante de tudo isso, quem acaba literalmente pagando o pato é o público. Como Diogo Mello, guitarrista da banda The Nobs, que há 16 anos toca em bandas-tributo ao Led Zeppelin e ainda não sabe se vai conseguir ver o ídolo. "Eu quero muito ir, estou tentando juntar dinheiro, mas é muita grana! Principalmente para quem não tem carteirinha de estudante, como eu. É complicado, fica inacessível, um show para rico", resume.

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