Você provavelmente conhece a história: homem descrente e amargurado pela morte recente da pessoa amada resolve buscar provas da existência divina, mas, no processo, acaba desafiado por forças além de sua compreensão. “A Possessão do Mal”, em cartaz nos cinemas, tenta renovar uma premissa já batida, aliando a estética do found footage (falsos documentários ou filmes de câmera na mão, como a popular série “Atividade Paranormal”) com a temática do exorcismo, em alta ultimamente no gênero de terror. Pena que a sensação de novidade se esgote em poucos minutos.
O filme, escrito e dirigido pelo estreante David Jung, até começa bem. Michael King, o protagonista, resolve filmar um documentário questionando a existência de Deus ou do Diabo após perder a esposa em um acidente de automóvel. Inicia, então, entrevistas com pretensos “especialistas” em necromancia, satanismo e outras bizarrices, envolvendo-se em uma série de “roubadas” – como, na trama, trata-se de um documentário profissional, as cenas nesta etapa são bem filmadas e editadas, em vez das irritantes câmeras de outros filmes do gênero manuseadas por adolescentes ou cinegrafistas amadores.
Enquanto tenta se prender a um pretenso realismo, “A Possessão do Mal” funciona e entretém como um bom suspense, deixando ao espectador a avaliação se realmente há ou não algo sobrenatural naquelas sessões de invocação. O problema é que, logo após o primeiro ato, o roteiro degringola e deixa a sutileza de lado para investir no terror fácil, jogando imagens incongruentes na tela e recorrendo a efeitos visuais de baixo orçamento para mostrar a “transformação” do protagonista, cada vez mais atormentado pelos demônios que ridicularizava antes.
Não ajuda o fato de o diretor não saber quando parar – o filme tem 83 minutos de duração, mas, acredite, parecem duas horas e meia. Na reta final, “A Possessão do Mal” assume de vez seu lado gore e a interessante abordagem pseudorrealista de documentário se perde de vez – o que não impede que o protagonista fora de si continue registrando em vídeo suas maluquices.
O clássico “O Exorcista”, de William Friedkin, era repulsivo, mas pelos motivos certos.
Aqui, a repulsa surge não dos diálogos fortes e imagens impressionantes, mas sim da falta de coerência e do excesso de bobagem, mesmo para os fanáticos pelo gênero.
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