
Já em sua 15.ª edição, o Psycho Carnival, festival que reúne dezenas de bandas durante o período de carnaval em Curitiba, traz à tona a cena curitibana como uma das principais do Brasil. A cidade recebe nomes de peso internacional do estilo e se torna ponto de encontro para públicos de várias partes do país.
Se engana, no entanto, quem pensa em uma legião de psychobillies por trás desta posição de referência da capital paranaense. O psychobilly, gênero que mistura rockabilly, punk e mais um universo de elementos bizarros, faz parte do underground também por aqui logo, é uma cena pequena. No entanto, que faz barulho. "Ela é mais sólida do que grande", explica Neri Mello, integrante dos gupos Sick Sick Sinners e Monster Mafia.
O músico é um dos integrantes da organização do Psycho Carnival, idealizado por Vlad Urban que, ao lado de nomes como Mutant Cox, da Sick Sick Sinners, e Wallace Barreto, da Ovos Presley , compõem uma espécie de núcleo para o psychobilly em Curitiba. Eles estiveram envolvidos na maior parte das iniciativas que estruturaram o estilo na cidade, como os programas de rádio (sendo o principal o Transylvanian Express, na Rádio Educativa FM), o zine O Monstro e o festival Psychobilly Fest. "Chamávamos a equipe de Psychobilly Corporation, que hoje é a Zombies Union", conta Cox.
Em entrevista para a Gazeta do Povo, eles explicam que o Psycho Carnival continua crescendo em relevância justamente por atrair interessados de outros estilos uma vocação que distingue o psychobilly brasileiro de países como a Inglaterra, onde é mais restrito.
"Vários segmentos curtem, como o pessoal do metal, do skate, os motoqueiros e o pessoal dos carros antigos", conta Barreto. "O que fez o Psycho Carnival crescer foi a diversidade de público", diz.
Precursores
O psychobilly em Curitiba tem quase a mesma idade da primeira banda do estilo no Brasil. Os Missionários surgiram em 1986, um ano depois dos Kães Vadius, fundados um ano antes em São Caetano do Sul (SP). A capital paranaense ainda viu surgirem Os Cervejas, Playmobillys, Os Escroques, Estúpido Estupro, Krappulas e Ovos Presley.
"Entre 91 e 96, o Ovos quase que trabalhou sozinho. Depois é que surgiram os festivais, que começaram a dar organização a tudo isso", conta Barreto.
Elo da cadeia
O Psycho Carnival acabou se tornando maior, se distinguindo por trazer bandas de fora de do país. "Ele foi crescendo de uma forma que hoje é um dos maiores do mundo. As bandas procuram o festival para tocar", conta Cox.
Para Mello, o festival se tornou um elo para uma espécie de cadeia do psychobilly no Brasil, incluindo a gravação de discos. "O festival é fundamental para que as bandas existam", analisa.
Na avaliação dos músicos, a cultura psychobilly e o alcance do Psycho Carnival seguem em linha ascendente.
Serem percebidos, no entanto, não significa serem entendidos. "Não sei se metade das pessoas de fora entende ou identifica o que é um psychobilly", diz Mello.





