Os tapumes que cercam momentaneamente a Praça da Espanha, instalados para a sequência das obras no local, tornaram-se uma espécie de palanque social. A polêmica começou no último sábado, quando 33 artistas locais criaram um mutirão cultural para dar cor àquelas placas de madeira a ação foi idealizada pela Fundação Cultural de Curitiba em parceria com a Associação dos Comerciantes da Região da Praça Espanha (Ascores).
Na manhã de domingo, no entanto, um painel do cartunista e chargista Benett não estava mais lá. O trabalho consiste em seu personagem Amok, publicado regularmente na Gazeta do Povo, sob a inscrição "Morram todos!!!" O tapume reapareceu na manhã de ontem, no mesmo espaço, mas agora na companhia de uma pichação impublicável. Ao menos dois outros trabalhos também sofreram "intervenções". Um foi pichado com o símbolo do cifrão ($), e outro com os dizeres "burguesia fede".
Agressivo?
Benett explica que seu personagem é um pré-adolescente "psicopata e meio canibal". "Morram todos é uma frase que faz parte da personalidade do Amok, um garoto que não gosta de seres humanos fúteis e consumistas", diz o artista, que não vê o trabalho como agressivo. "Quem acha a frase agressiva não se importa com aqueles carros de três metros de altura tocando uma música insuportável em um volume muito alto. Ou com quem toma dez cervejas e sai dirigindo. Isso é agressivo", pontua.
Othon Accioly, presidente da Ascores, diz que pretendia dar "vida" aos tapumes com a instalação de obras lúdicas. "Obviamente que é um personagem. Eu gosto do trabalho dele, mas, naquele contexto, ficou perdido." Accioly confirma que alguns comerciantes da região pediram para que o trabalho fosse retirado, mas que Benett seria procurado primeiro. "Não tivemos esse tempo. Fomos surpreendidos. E se o artista fizesse questão de manter o trabalho, iríamos respeitar," afirma. A reportagem tentou entrar em contato com empresários da região que se manifestaram contra a instalação do painel de Benett, mas não obteve sucesso.
A curadora da ação e galerista Jo Maciel explica que todos os artistas tiveram liberdade total para criar. O critério utilizado para a seleção, segundo Jo, foi a qualidade do trabalho. Sobre o mistério envolvendo o sumiço repentino do Amok, a artista se diz surpresa e desapontada. "Meu trabalho também é afetado. Foi uma espécie de censura e sou absolutamente contra isso", explica. "Ele fez uma piada e algumas pessoas, por caretice ou ignorância, não gostaram."
Sandra Hiromoto, Cláudia de Lara, Marco Teixeira, Michael Devis, Cleverson Paes Pacheco (Café), Felipe Kota e Ricardo Humberto são alguns dos outros artistas convidados para a instalação, que é ao ar livre e, como lembra Jo, está sujeita à intervenções diversas. "Acho tudo, no fim, muito interessante. O importante agora é sabermos como lidar com isso."
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