Nada mais eficiente que o hábito de fazer retrospectivas como uma maneira de assimilar o final de mais um ano. Porém a análise de coisas relativas ao passado (definição da palavra de acordo com o dicionário Aurélio), além de servir como parâmetro de comparação – este ano foi melhor ou pior que o passado? – acaba por aumentar a sensação de impotência diante da passagem abrupta do curto período de 12 meses.

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No caso da música, tal sensação é ainda mais intensa. Aquele disco que você baixou no dia do lançamento internacional para não ter de esperar pela edição nacional já foi deletado do playlist do seu Ipod, é coisa do passado. Assim como aquela canção, que foi o hit do verão em 2006, mas que hoje não toca nem em festa de debutantes, pois foi substituída pela balada tema de um dos casais da novela das oito, interpretada por uma banda da qual você nunca ouviu falar. A indústria musical é cruel e efêmera. Muito provavelmente alguns dos destaques musicais deste ano, que serão relacionados ao longo do texto abaixo, terão sido esquecidos até abril do ano que vem. Mas relembrá-los não custa nada, não é mesmo?

Pop

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Dois grandes destaques do pop internacional em 2006, Nelly Furtado e Justin Timberlake, conseguiram emplacar hits ao redor do mundo graças ao produtor e rapper Timbaland, figurinha carimbada em nove entre cada dez cerimônias de premiações musicais. Foi ele o responsável pelo single "Promiscuous", que alçou a cantora luso-canadense Nelly Furtado à condição de megastar e popozuda de plantão, além de ter ajudado a estabelecer o ex-*NSYNC Justin Timberlake como um dos grandes nomes do pop norte-americano com a faixa "SexyBack", do ótimo álbum FutureSex/LoveSounds.

Enquanto a eterna rival Britney Spears dedicou 2006 às aparições públicas de suas partes baixas, Christina Aguilera trocou o look ninfeta por algo levemente inspirado nas divas hollywoodianas dos anos 50, resgatando o jazz antigo em seu terceiro álbum de estúdio, o elogiado Back to Basics. Já o casal Jay-Z e Beyoncé tem muito o que comemorar neste réveillon. Ela graças à sua elogiada atuação em Dream Girls – Em Busca de um Sonho, filme ainda inédito no Brasil, e por seu terceiro álbum, B’Day e ele pelo recém-lançado Kingdom Come (com previsão de lançamento nacional em janeiro), que já vendeu 2 milhões de cópias em menos de um mês.

A mais grata surpresa de 2006 vem da Inglaterra e tem 21 anos. Com seu álbum de estréia Alright, Still, Lily Allen provou que é possível fazer pop radiofônico com letras interessantes, garantindo seu lugar nas retrospectivas dos principais veículos musicais do mundo. Já o fiasco pop do ano ficou por conta da vocalista Fergie, integrante do The Black Eyed Peas, que atira para todos os lados (até para um quase plágio de Gwen Stefani) em seu primeiro disco-solo, The Dutchess.

Rock

Apostando no conceito ópera-rock que consagrou o trio Green Day em American Idiot, o quinteto de Nova Jérsei My Chemical Romance termina 2006 como uma das grandes bandas de rock de sua geração. Assim como o Evanescence, que apesar da trajetória turbulenta, soube transformar os problemas pessoais e profissionais em boas canções em seu quarto registro, The Open Door. Já no quesito indie, três bandas britânicas ganharam destaque no cenário mundial: Snow Patrol, Keane e a debutante Artic Monkeys. Da Ingleterra também veio um dos melhores álbuns de 2006 – The Eraser, estréia-solo de Thom Yorke, líder do sumido Radiohead.

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Mudando de continente, a cena indie norte-americana deu vazão a grandes álbuns dos veteranos Sonic Youth (Rather Ripped) e Beck (The Information), além do excelente Pieces of the People We Love, terceiro álbum da banda The Rapture.

Os brasileiros Cansei de Ser Sexy (São Paulo) e Bonde do Rolê (Curitiba), também agitaram as cenas indie americana e européia, com uma turnê conjunta na metade do ano. As paulistanas do CSS descolaram um contrato com a gravadora Sub Pop, que lançou seu primeiro álbum nos EUA, Europa e Japão. Já o trio curitibano Bonde do Rolê prepara seu disco de estréia enquanto se diverte com os elogios de ídolos como 2 Many DJs e Franz Ferdinand.