Vídeo| Foto: RPC TV
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Marisa Monte saiu consagrada do quinto Prêmio Tim, na noite da quarta-feira (16), no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, como melhor cantora de samba, melhor cantora de pop rock e melhor cantora pelo voto popular. A cerimônia foi formal demais, apesar de homenagear um ídolo completamente informal da música brasileira, o sambista Zé Ketti, atropelado por uma escolha equivocada de intérpretes de suas músicas. A começar por Milton Nascimento, arrastando-se penosamente num terno escuro ajambrado pelo clássico "Opinião", tema do espetáculo homônimo que lançou Maria Bethânia em 1964.Na platéia havia mais globais do que músicos, praticamente só os indicados, enquanto abundavam personagens de todas as novelas. Pelo menos um ator ali estava por uma causa justa: Diogo Vilela em nome de Cauby Peixoto, a quem personifica no teatro, e subiu duas vezes para receber os troféus de melhor cantor em duas categorias, canção popular e MPB. Na platéia comentou que Cauby, de São Paulo, lhe pedira para representá-lo, brincando que ninguém ia notar a diferença. Fernanda Montenegro anunciou estar ele "representando Cauby", o que Diogo realmente estava e, ao mesmo tempo, não estava.

Fernanda estreou como apresentadora do Prêmio Tim com a elegância habitual, dividindo com a veterana, no prêmio, Camila Pitanga, linda num vestido cheio de brilhos, mas sua magreza mostrou que a exuberância de sua Bebel em "Paraíso Tropical" é só ficção.

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La Montenegro só se enrolou quando anunciou o vencedor de disco eletrônico, hesitou diante do nome do DJ Patife - "é Patife mesmo né?" e ao citar os gringos que participaram da produção concluiu com um "é isso? Fantástico, saí pelo escanteio". Outra tirada dela foi quando Caetano Veloso, chamado para receber o troféu de melhor disco de rock por "Cê" ficou abaixado do lado de Maria Bethânia. "Estão tricotando", disse Fernanda, até ser informada de que um botão de Caetano enganchara na cabeleira da irmã e a operação desembaraço levou alguns segundos. Na volta dele, Bethânia, cautelosamente, encolheu a juba.

Bethânia levou dois prêmios pelo disco "Mar de Sophia" na categoria MPB e de melhor cantora por este e pelo segundo disco lançado ano passado pela Biscoito Fino, "Pirata". Dois outros prêmios estavam associados a ela. Gringo Cardia ganhou pelo projeto visual de "Pirata" e Roberto Mendes e Capinam levaram o Tim de melhor canção por "Beira-mar", gravada por ela.

Entre as premiações, Fernanda e Camila davam pinceladas biográficas do homenageado para introduzir os números musicais. A "ideologia" do prêmio é sempre fazer misturas em nome de uma pluralidade ou do que quer que seja que se passe na cabeça do dono do prêmio José Maurício Machline, mas o que agradou mesmo, a ponto de a platéia aplaudir de pé, foi o número que reuniu a velha Guarda da Portela e Paulinho da Viola em "Jaqueira da Portela". Todos de terno branco e camisa azul, as cores da escola de Zé Kéti, sambando para valer na voz do mais ilustre dos sambistas brasileiros.

Aí não teve para Mônica Salmaso, contida em "Diz que fui por aí", nos corretos Emilio Santiago e Mariana Aydar ("Mascarada"), José Renato, Hamilton de Holanda e Zélia Duncan ("Leviana") e Lenine, Roberta Sá e SpockFrevo Orquestra ("Máscara Negra"). A Spock injetou um gás tocando a marcha em ritmo de frevo. Por fim, depois de cortar o ponto dos grevistas da cultura em Brasília, o ministro Gilberto Gil apareceu de voz e violão para cantar "Eu sou o samba/ A voz do morro sou eu mesmo, sim senhor". Negra Li segurou muito bem "Acender as velas", mas Elton Medeiros se perdeu completamente.

Um único premiado foi aplaudido de pé, o sanfoneiro Dominguinhos, muito elegante de terno, vencedor do troféu de melhor cantor na categoria regional. O toque quente da platéia vinha da galeria mais alta do teatro, onde estavam 110 crianças de cinco escolas públicas de escolas em zonas de perigo. São integrantes do projeto Tim nas Escolas, que dá educação musical aos jovens sob a coordenação do músico Leandro Braga. O cenário teve móbiles de personagens dos morros cariocas das antigas e painéis fotográficos. Faltaram depoimentos em vídeo de pessoas que conviveram com ele, o que daria maior movimentação, algo que faltou no Teatro Municipal.

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