“Cota do prefeito” : novo presidente da Fundação Cultural não é filiado a nenhum partido político.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O produtor cultural, cineasta e empresário Mauricio Appel foi anunciado na manhã desta quarta-feira (21) como o novo presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Ele assume o cargo em janeiro, quando se inicia a gestão do prefeito eleito Rafael Greca (PMN).

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O trabalho mais notório de Appel na área da cultura é a gestão de todo o acervo do artista plástico João Turin (1878-1948), adquirido pela família Lago em 2011.

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Sob a coordenação de Appel, o acervo foi catalogado, dezenas de obras restauradas e transformadas na exposição “João Turin - Vida, Obra, Arte”, a mais visitada da história do Museu Oscar Niemeyer (MON) e vencedora do prêmio de melhor exposição de arte em 2014 pela Associação Brasileira de Críticos de Arte - ABCA.

Appel também foi o produtor do longa-metragem “O Preço da Paz”, de 2003, dirigido por Paulo Morelli, que conta a história do Barão do Serro Azul e teve no elenco Lima Duarte e Hérson Capri. O filme venceu os kikitos de melhor montagem, direção de arte e prêmio do Júri Popular no Festival de Gramado.

Appel foi escolhido e convidado por Greca na última sexta-feira (16), após o nome cotado como favorito ao cargo, o do empresário e produtor Gehad Hajar, ter sido preterido.

De acordo com o novo presidente da FCC, o que levou Greca a convidá-lo para o cargo foi “uma paixão por Curitiba que nos une” e sua missão será desburocratizar o acesso à cultura em Curitiba.

Leia a seguir a primeira entrevista de Mauricio Appel como presidente da FCC:

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Você assume em meio à polêmica do cancelamento da Oficina de Música. Você participou da decisão? Qual sua opinião sobre a Oficina?

Por determinação do prefeito, a dor vem antes do prazer, antes da música. O caixa da FCC está negativo, com um rombo entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões. Não tem como fazer a Oficina de Música agora. Seria uma aventura. Infelizmente, pois todos nós admiramos e acompanhamos a oficina há muito anos. Mas estamos numa situação muito difícil.

Não há chance de a oficina continuar no calendário da cidade?

A ideia é que ela talvez passe para o mês de junho ou outra data, quando a prefeitura tenha condição de custeá-la. Com novas agendas e novos professores.

O que a FCC tem que fazer para sair desta situação?

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A prefeitura precisa se reestruturar em todos os sentidos. Ou vai quebrar, como aconteceu no Rio de Janeiro ou no estado do Rio Grande do Sul. Pode acontecer aqui. Temos que repensar toda a estrutura e isto envolve também a Oficina de Musica.

Você não era o mais cotado durante a campanha e o anúncio de seu nome foi uma surpresa...

Foi uma surpresa para mim também. Fui informado na última sexta-feira (16) e ainda estou assimilando. Foi um convite do próprio prefeito.

O prefeito te disse por que o escolheu para gerir a cultura na cidade?

Eu trabalho com cultura há 30 anos. E venho colaborando com o Rafael Greca há muito tempo. Eu tenho trabalhos na área de restauro, trabalhos com música, cinema e mais recentemente toda a gestão do acervo de João Turin. A paixão por Curitiba nos une e acho que por isso ele me escolheu. Sou curitibano de quinta geração. “Por ser da minha terra é que sou nobre, por ser da minha gente é que sou rico” [citando Olavo Bilac]. Conheço todos os setores da cultura e isso ajuda a saber aonde temos que chegar. Sei dar valor ao fandango, ao folclore, ao teatro, à música, às artes plásticas. Todos juntos, numa FCC gerida com mais alegria.

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Você é filiado a algum partido? Houve alguma pressão de algum grupo político pelo teu nome?

Eu não tenho partido nenhum. Sou da cota do prefeito. Sou mais um “rafaelista”, como o pessoal da equipe brinca.

Qual será seu primeiro ato como presidente da FCC?

Não saberia te dizer agora. Nós não tivemos transição e assim não sabemos realmente o que vamos assumir. A FCC é hoje uma “caixa de Pandora”. Vamos ter que descobrir tudo que esta lá dentro. Vamos reavaliar ponto a ponto, setor por setor, as áreas da Cultura que precisem ser reavaliadas. O que sei é que é preciso reestruturar e repensar muitas coisas na ação da FCC perante a sociedade.

Como o quê? As leis de incentivo ou o plano municipal de cultura, por exemplo...

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Lei de Incentivo evidentemente vai continuar, mas talvez ela possa ser mais simples na forma de apresentação à sociedade. Este é o pedido do prefeito. O acesso à cultura tem que ser tão fácil como beber água com a concha das mãos. O Estado tem que incentivar e não criar dificuldades. Eu mesmo sou fruto de uma politica pública. O Mauricio Appel apareceu lá em 1993, realizando um curta-metragem através da Lei de Incentivo da FCC. A partir daí fiz meus curtas, meu longa, fui fazer comercial, televisão, trabalhei com as artes plásticas. Uma coisa levou à outra. Como eu tive a oportunidade graças a uma política pública, outros profissionais também podem aparecer.Queremos criar condições para que outras pessoas possam ter chances, evoluir e abrir ao mundo a nossa cultura.Temos que aproximar a gestão das pessoas em grandes e também nos pequenos atos, isto é fundamental.

A Fundação tem na sua estrutura o cargo de superintendente. Você vai mantê-lo? Já sabe quem será?

Sim, vamos manter o cargo de superintendente. Será alguém da carreira, que já está trabalhando na FCC. O quadro de funcionários, aliás, será bem valorizado.