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• Nome: Philip Milton Roth • Nascimento: 19 de março de 1933 em Newark, Nova Jersey. • Principais prêmios: duas vezes vencedor do National Book Award por Adeus, Columbus (1960) e O Teatro de Sabbath (1995); único escritor a vencer três vezes o PEN/Faulkner por Operação Shylock (1994); A Marca Humana (2001) e Homem Comum (2007); vencedor do Pulitzer por Pastoral Americana (1997).• Entre títulos disponíveis e esgotados, a Companhia das Letras publicou uma dezena de obras de Roth. Aqueles ainda em catálogo são: Adeus, Columbus (edição de bolso), O Animal Agonizante, Casei com um Comunista, O Complexo de Portnoy, Complô Contra a América, A Marca Humana e Pastoral Americana.

Ele é um homem obrigado a lidar com a decomposição acelerada de seu corpo à medida que se aproxima dos 50 anos. Sim, essa é a dinâmica da vida – morre-se um pouco a cada dia a partir do momento em que se nasce. Mas, prestes a completar meio século de idade, esse processo se acentua de modo assustador, levando um sujeito antes saudável a pensar no fim e no esquecimento.

Artista plástico levado a trabalhar no ramo publicitário para sustentar sua família, ele é o protagonista de Everyman, novo romance de Philip Roth, vencedor do prêmio PEN/Faulkner 2007, a ser lançado como Homem Comum pela Companhia das Letras em setembro.

A história começa literalmente pelo fim, durante o enterro do personagem anônimo. Narrado na terceira pessoa, a descrição retrata as pessoas em volta do caixão, os amigos do trabalho, os filhos, a ex-mulher e o irmão. Morte, doença e os sentimentos suscitados por elas – sobretudo medo e solidão – servem de base ao livro.

Roth, hoje com 74 anos, temia que amigos e conhecidos vissem no seu personagem um alter ego. Para afastar qualquer desconfiança relacionada à sua saúde, o autor determinou que o livro traria na contracapa uma foto sua diante do estúdio onde trabalha, no interior do estado de Connecticut. De braços cruzados e com um olhar desafiador, o escritor parece distante do definhamento que consome seu personagem.

Contudo, não se pode negar que o tema interessa a Roth. Tanto quanto a sexualidade depois dos 50 e dos 60 anos, abordada nos romances O Animal Agonizante e A Marca Humana.

Em Homem Comum, o protagonista se desvencilha de um casamento frustrado para um relacionamento apaixonado com a mulher que se tornaria sua segunda esposa. A mesma que, anos mais tarde, seria trocada por uma secretária adolescente e, depois, por uma modelo dinamarquesa de 24 anos. Um cinqüentão canalha, enfim. Ou, para citar o narrador, "Isso (o interesse por mulheres mais jovens) era a supremacia crua de sua animalidade sobre seu instinto de sobrevivência".

Mesmo com duas ou três aventuras sexuais tardias, o erotismo do novo livro é muito menor que o de O Animal Agonizante, por exemplo. As assombrações de alguém confrontado com a própria velhice movem o Homem Comum. Roth se preocupa com as limitações do corpo humano, talvez mais do que com o fim dele. "Morte é apenas morte – não é nada mais", diz o narrador.

Quase todos os personagens da história são subjugados pela dor. A segunda mulher sofre de enxaquecas debilitantes; um ex-colega de trabalho foi massacrado pelo câncer; outro sofre de depressão e tentou o suicídio. As únicas pessoas saudáveis da história são as duas mais queridas pelo morto: a filha Nancy e o irmão Howie.

Depois de se aposentar, o protagonista resolveu investir na pintura. Durante um curso de arte que ministrou no condomínio para idosos onde foi morar depois do 11 de Setembro, uma de suas alunas interrompe a aula por estar sentindo dores terríveis. Ela parece sofrer de câncer (não fica claro), a mesma doença que matou seu marido. A mulher se desculpa pelas lágrimas e se diz constrangida por sua fragilidade.

Também frágil e constrangido graças às sucessivas cirurgias e hospitalizações – tem cinco pontes de safena e se degladia com artérias quase totalmente obstruídas –, o herói de Roth ignora a religião e encontra um pouco de conforto nas palavras do coveiro do cemitério judaico que guarda os restos de seus pais e avós – o mesmo onde ele é enterrado no início da narrativa.

Ao ouvir a descrição do trabalho metódico e diligente realizado por aquele que prepara as covas, cuida da grama e separa a terra a ser lançada sobre os caixões, ele o agradece por "tornar as coisas concretas".

Morte é apenas morte.

Serviço: Everyman (Vintage Books, R$ 23,17), na Livraria Cultura (www. livrariacultura.com.br). Ou pela Random House, a R$ 19, na Saraiva (www.livrariasaraiva.com.br). A tradução ao português, Homem Comum, deve sair em setembro pela Companhia das Letras.

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