Clarisse Miranda e Liana Justus são autoras do livro "Desvendando a Orquestra formando platéias do futuro", que foi oficialmente lançado no domingo (28) e trata sobre os instrumentos que compõem uma orquestra. Miranda conta que a idéia de publicar a obra surgiu de suas carreiras de palestrantes. "Nós estamos fazendo essa formação de platéia há 14 anos. Vimos que as crianças absorviam o conhecimento sobre a música de orquestra muito facilmente. Surpreendentemente, havia poucos livros sobre o assunto", explica.
As crianças são um público grande, mas mesmo assim ainda um pouco negligenciado quando se trata de mercado editorial. Excluindo a literatura infanto-juvenil, que domina o segmento para os pequenos, as publicações sobre artes e cultura para crianças são poucas no país. "O material é muito importante para o professor, como apoio às aulas", explica Renata Sant'anna, educadora da Editora da Universidade de São Paulo (Edusp) e especialista na área. "Fora do Brasil a gente encontra publicações muito interessantes, principalmente na França, que tem uma preocupação muito grande com a formação de platéia", completa.
No entanto, nem todas as notícias nesse sentido são ruins. "Acredito que o país avançou bastante. Na década de 90 houve um aumento considerável desse tipo de publicação, principalmente em razão da entrada de obras estrangeiras traduzidas", explica Renata. "Atualmente, algumas editoras estão traçando o caminho para apresentar esse tipo de material para as crianças", explica Renata, que também é autora de livros para os pequenos.
Renata publicou livros na área de artes plásticas. "De dois em dois", conta a história da Bienal de Artes de São Paulo para crianças, e coordenou dentro do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Universidade de São Paulo (USP) quatro edições da coleção "Olharte", que expõem a obra de artistas contemporâneos. Dois dos livros dessa coleção ganharam o Prêmio Jabuti de literatura. "Foi a primeira iniciativa entre um museu e uma editora no país. Depois, desenvolvi meu mestrado em cima da minha experiência o tema. Hoje, o que mais me satisfaz é escrever para as crianças", conta.
Entre as publicações, a maior parte trata de pintura, no ramo das Artes Pláticas, e de Música, de acordo com Renata. As áreas de Cinema, Arquitetura e Fotografia, por exemplo, contam com poucas publicações. Outro problema, é que em cada área são contemplados apenas os grandes nomes e as culturas mais tradicionais. "O Ministério da Educação diz que os professores devem promover uma formação multicultural, mas não há material falando da arte africana ou negra, por exemplo", explica Renata.
Por aqui, além de "Desvendando a Orquestra formando platéias do futuro", outra iniciativa - também na área de música - dá impulso às propostas de arte para crianças. O livro "Histórias da música Popular Brasileira para Crianças", de Simone do Rocio Cit e Iara Teixeira, teve sua segunda edição lançada em julho deste ano. "Quando lançamos a primeira edição não tinha nada voltado para crianças sobre esse assunto. Queríamos um projeto que tivesse uma linguagem adequada e pudese auxiliar os professores, que precisam de material de apoio", explica Simone.
As histórias de alguns dos principais personagens da MPB - como Pixinguinha, Assis Valente, Adoniran Barbosa e Chiquinha Gonzaga - ganharam vida por meio das ilustrações de Iara. "Procuramos estimular a curiosidade das crianças em relação aos persongens sem trabalhar com muita informação. É para estimular, não para ensinar", explica Simone.