Animado e empunhando uma espada imaginária, o maestro Osvaldo Ferreira conta para um técnico do Teatro Guaíra, aos golpes, como imagina o duelo entre Don Giovanni e o Comendador, na ópera de Mozart que será encenada na temporada de 2012 da Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP). Parte do projeto Sinfônica Fora de Série programação mensal voltada para crianças que estreia no dia 18 com "O Carnaval dos Animais", de Saint-Saëns a encenação é uma das ideias que o regente titular elabora para um ano em que, novamente, uma das principais missões é conquistar público. Com este espírito, a orquestra deve encerrar a série com a apresentação ao vivo da trilha sonora de "As Aventuras do Príncipe Achmed" (1926), simultânea à projeção do filme formato que já foi comum no passado e que, de acordo com Ferreira, está "voltando à moda". O primeiro concerto da temporada acontece amanhã, às 10h30, no Teatro Guaíra (Pça. Santos Andrade, s/n.º).
"Todos os meses faremos um concerto para formação de plateia e um com conteúdo mais profundo, bons solistas e bons maestros convidados", diz Ferreira. O regente conta, com aparente otimismo, que um destes convidados será o maestro carioca John Neschling. "Ele será o principal maestro convidado e associado à orquestra, e virá reger mais de uma vez", diz Ferreira, para quem os convidados são essenciais para a motivação da orquestra ao inspirar os músicos e trazer "sangue novo" ao trabalho.
O regente também destaca um concerto da orquestra com o violinista de jazz Jean-Luc Ponty, durante o Curitiba Jazz Meeting, e a montagem integral da Sagração da Primavera, de Stravinski, em junho, com o Balé Guaíra. Também há planos para uma apresentação da Sinfonia N.º 2, de Mahler, na Páscoa. "Quem não iria querer ver obras como essas, que se pode ver a cada 20 anos, pelos custos que envolvem?", diz.
Limitações
É justamente o orçamento que faz o ânimo do maestro diminuir instantaneamente. A escassez é a mesma de 2011. A orquestra, de acordo com Ferreira, evoluiu tecnicamente e aumentou de 20 para 33 o número de concertos no ano (incluindo quatro viagens ao interior do estado e a continuidade do projeto que leva o grupo a igrejas), mas tudo graças a um maior tempo de preparação e a uma gestão benfeita da diretoria. "Conseguimos fazer milagre com tão pouco", diz. "Não se trata de aumentar o número de concertos. Mas talvez pudéssemos ir mais vezes ao interior, trazer mais dois ou três solistas e maestros internacionais de maior reputação. Não precisamos ter milhões para fazer uma programação. Mas, com um pouco mais, já acabaria a ânsia que é deixar de se fazer alguma coisa porque faltam R$ 30 mil reais", diz Ferreira, que menciona orçamentos milionários de orquestras como a Osesp como comparação. "Não podemos ficar sentados esperando que caia algo do céu. Temos de justificar que merecemos investimento, e estamos trabalhando para isso", diz o maestro. "Mas trabalhamos nos limites dos limites."
Serviço:
Orquestra Sinfônica do Paraná e Magdalena Filipczak. Teatro Guaíra (Pça. Santos Andrade, s/n.º), (41) 3304-7900. Amanhã, às 10h30. Ingressos a R$ 10. Classificação indicativa: 7 anos.
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