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Um dos três projetos contemplados no ano passado pelo edital de Patrimônio Imaterial do Fundo Municipal da Cultura, "No Olho da Rua e na Rua do Olho", da fotógrafa Lina Faria, entra na fase final, apresentando como resultado um amplo painel fotográfico da vida no centro de Curitiba. A fotógrafa fez uma "imersão" no universo urbano delimitado pelo entorno do Marco Zero e produziu uma rica documentação da rotina dos moradores, freqüentadores, trabalhadores do centro, arquitetura, paisagens urbanas e recantos que retratam a história e as transformações da cidade. Entre as contrapartidas para o projeto que recebeu recursos do Programa de Apoio de Incentivo à Cultura, do qual o Fundo faz parte, está uma oficina fotográfica em que os interessados poderão, sob a orientação de Lina Faria, passar por experiência semelhante à da fotógrafa num período menor de tempo. As inscrições podem ser feitas até o dia 10 de junho.

Projeto

O ponto de partida do projeto de Lina Faria foi alugar um apartamento no centro de Curitiba, num local onde tivesse pleno domínio de tudo o que acontece. A catedral, o setor histórico, a perspectiva da avenida Cândido de Abreu até o Museu do Olho, o "principado" dos Leões, o Colégio Estadual, o Passeio Público, o Edifício Governador, a Universidade Federal do Paraná, o Teatro Guaíra e, aos pés de sua janela, o Solar do Barão formam o campo de visão de quase 360 graus do lugar que escolheu para viver nos últimos oito meses.

Foi saindo diariamente a pé, percorrendo as ruas e becos centrais, conversando com os vizinhos, conhecendo os interiores de antigas lojas e moradias que Lina Faria captou cenas inusitadas, chamando atenção para detalhes raramente percebidos. Lina dispõe hoje de um rico acervo documental sobre Curitiba, que está à disposição do público no site que ela mantém e atualiza – www.olhodarua55.com. A fotógrafa acrescenta às imagens pequenas crônicas onde expõe suas impressões pessoais sobre determinadas cenas.

A pesquisa visual é delimitada geograficamente, mas abrangente em termos de conteúdos. Nesta reflexão sobre a cidade, Lina Faria divide sua pesquisa em sub-temas: "A vida no vermelho", em que retrata as pessoas que vivem e trabalham em situações de risco; "Pentimentos", pinturas que, em ruínas, ainda sobrevivem ao tempo; "As mocinhas da cidade", que nada mais são do que as cariátides (rostos femininos esculpidos nas fachadas dos edifícios neoclássicos) curitibanas; a Rua das Flores em suas 24 horas de atividades, inclusive nas madrugadas; entre outros temas.

Lina Faria também presta um socorro à memória ao registrar o que foi a Curitiba de outras épocas. Eleita como uma de suas preferidas, não só pelas receitas que produz, mas pela necessidade de salvação, está a Confeitaria Blumenau, prestes a fechar as suas portas deixando para trás o rastro da ocupação alemã no comércio local. Foi o que aconteceu com a Relojoaria Raeder, na esquina da rua São Francisco, hoje casa de comércio popular, onde poucos resquícios lembram o encanto existente até pouco tempo atrás.

"As cidades são a minha paixão e este é o meu projeto de vida", revela a fotógrafa, cujo trabalho, sempre tratando da relação homem/espaço, é premiado nacionalmente. "Não faria tão bem este projeto se não estivesse morando aqui. Estou mergulhada na cidade, vivendo o centro 24 horas por dia", diz Lina. O seu apartamento, além de ser o ponto estratégico do trabalho, transformou-se num memorial, onde expõe objetos recolhidos em suas andanças.

Além do blog, Lina oferece como contrapartida dos recursos recebidos, uma oficina fotográfica em que outros interessados poderão, sob sua orientação, passar por experiência parecida com a que ela viveu.

A Oficina acontece de 16 a 24 de junho. As inscrições podem ser feitas até o dia 10, mediante uma proposta a ser encaminhada para o endereço: Avenida Barão do Serro Azul, 288, ap. 501 – CEP 80.020-180. O material feito por Lina e pelos participantes será exibido numa exposição itinerante. Em setembro, Lina Faria e os outros dois vencedores do Edital de Patrimônio Imaterial participam do 1º Seminário de Culturas Populares de Curitiba, quando apresentarão seus projetos.

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