Psicodelia na íntegra

Quem for ao Curitiba Master Hall na noite de hoje irá presenciar a terceira apresentação brasileira da mais significativa banda do rock nacional de todos os tempos, Os Mutantes.

Após voltarem à ativa em maio do ano passado, a convite de uma mostra sobre o Tropicalismo realizada no Barbican Theatre, em Londres, o lendário grupo traz a Curitiba o show que marcou seu retorno aos palcos após um hiato de quase 30 anos em sua trajetória.

Transformada em CD e DVD em dezembro do ano passado, a apresentação londrina será reporduzida na íntegra no show pela nova formação da banda, que além dos integrantes originais Sérgio Dias (guitarra e voz), Arnaldo Baptista (órgão e voz) e Dinho Leme (bateria), conta ainda com a carioca Zélia Duncan no lugar de Rita Lee (a vovó do rock debochou do projeto dizendo que o revival não passava de uma estratégia de "velhinhos espertos tentando descolar grana para pagar o geriatra").

O quarteto vem acompanhado de mais seis integrantes, entre eles o curitibano Henrique Peters (integrante do grupo local Camarada Zó e colaborador do Black Maria), reunidos com o objetivo de reproduzir em detalhes a salada psicodélica produzida pela banda nos oito discos de estúdio gravados entre 1968 e 1973.

"Estamos sendo completamente fiéis aos arranjos originais, por isso o tamanho da banda, que ao todo tem dez pessoas. As partes mais complexas, que são as orquestrações, quem está fazendo é o Henrique Peters, que é de Curitiba. Minha guitarra é a original, que eu usava no início dos Mutantes, os pedais também. Então, tudo será exatamente igual ao que vocês sempre ouviram, a diferença são os improvisos", explica Sérgio Dias, em entrevista ao Caderno G.

Os improvisos e a presença de Zélia Duncan. Amiga pessoal de Sérgio Dias e fã declarada dos Mutantes, Zélia abandonou a turnê de seu último álbum, Pré Pós Tudo Bossa Band, para cair na estrada com a banda, substituindo Rita Lee. Apesar do timbre vocal mais grave que o de Rita, Zélia conseguiu imprimir seu estilo à banda, sem decepcionar os fãs mais xiitas. "Ela é uma moça muito maravilhosa. Teve uma cola muito boa com a gente, principalmente devido ao seu estilo e à força de sua personalidade, que nos completa muito. Quando está no palco com a gente parece uma criancinha, uma irmã, uma pessoa da família", derrete-se o guitarrista.

Quanto ao repertório, Dias garante que nenhum "mutantemaníaco" sairá decepcionado do show por não ter ouvido sua canção favorita. "A construção deste show está muito bem feita. Da maneira como ele foi concebido, consegue cobrir todas as áreas e emocionar demais as pessoas. Dá para perceber isso no DVD, que foi gravado num teatro. Depois da quarta música todos começam a se levantar e no fim do show já está uma loucura total. E essa foi apenas a primeira vez que a gente tocou. Agora está bem mais legal", avisa, entre risos.

A volta aos palcos e o contato com fãs de gerações diversas – "no show que fizemos em São Paulo eu recebi da mãe de um menino de 6 anos um desenho dos Mutantes, que tinha eu, o Arnaldo, a Rita e a Zélia, foi uma coisa fantástica!", conta Dias – impulsionou o projeto de um álbum de inéditas que, de acordo com o guitarrista, está bem encaminhado. "Encontrei o Tom Zé aqui em São Paulo e trocamos umas figurinhas sobre fazer músicas juntos. Eu e Zélia também já pensamos em algumas canções. O que falta mesmo é toda a turminha sentar e curtir junto. O material aos poucos está aparacendo, mas a gente não tem a menor pressa para nada", conta.

Serviço: Show com a banda Os Mutantes. Curitiba Master Hall (R. Itajubá, 123). Hoje, às 23 horas. Ingressos a R$ 90 (estudantes, pessoas com mais de 60 anos e doadores de um quilo de alimento não-perecível) e R$ 70 (para assinantes da Gazeta do Povo na compra de até dois ingressos e clientes GM que comprarem ou fizerem um test-drive nas lojas MetroSul e GM Champagnat). Até o fechamento desta edição ainda havia ingressos disponíveis. Mais informações pelo telefone (41) 3248-1001.