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Cena da peça "Aquilo Que Meu Olhar Guardou Pra Você" | Divulgação
Cena da peça "Aquilo Que Meu Olhar Guardou Pra Você"| Foto: Divulgação

Vez ou outra uma companhia de fora insere referências de Curitiba na peça que traz ao festival para arrancar risadas. Os pernambucanos do Magiluth elevaram isso a uma alta potência e apresentaram, na quinta-feira, um trabalho construído em cima dessa identificação com o público. Aquilo Que Meu Olhar Guardou Pra Você veio com sua estrutura básica de vários trechos de narrativa, todas centradas em memórias (verdadeiras ou não?) dos próprios atores. Um pai que não foi presente, um avô que morreu no dia em que o último filho nasceu, um amante que foi embora.

Por cima desse esqueleto, dois dias antes da estreia curitibana, o grupo de cinco atores dirigidos por Luiz Fernando Marques passou a criar em cima de 19 imagens da cidade, que se entranham no enredo de forma indissociável.

É uma forma de tornar o teatro vivo, feito para o público e com o público, na linha de interesse e pesquisa do Magiluth de colocar os atores no papel de narradores, de si mesmo e dos outros.

Mas não acaba por aí. Na metade do espetáculo, o público é convidado a descer ao palco do Paiol para confraternizar-se com long-necks, amendoins e jujubas. A peça continua com as pessoas ali, numa dinâmica que embala o espetáculo até o fim.

Quando eles descem (na quinta, cerca de metade da audiência, certamente os menos incomodados com interatividade), cada ator cria uma rodinha de pessoas e começa a conversar.

Desse conteúdo saem ricos improvisos, capazes de confundir o espectador mais atento.

Assim, algumas pessoas se compadeceram das histórias que ouvem ("nossa, coitado..."). Num momento de melodrama, um dos atores pede a uma espectadora que estoure um balão, já que ele não tem coragem porque ali está o ar de uma amiga de outrora. "Mesmo?", pergunta a moça, antes de abraçá-lo, debaixo de uma luz que enfatiza com habilidade a cena.

E assim os cinco garotos conduzem suas narrações entrecortadas, até a chave de ouro, em que a música preferida de alguém da plateia é buscada improvisadamente e vira trilha sonora.

Nesta sexta tem nova apresentação – quem eventualmente for de novo verá o quanto do espetáculo depende do público da vez.

Serviço

Aquilo Que Meu Olhar Guardou Pra Você

Teatro do Paiol (Lgo. Guido Viaro, s/n.º), (41) 3213-1340. Dia 6, às 21h. R$50 e R$28 (meia, mais taxa). Classificação indicativa: 18 anos.

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