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 | Ana Kruger
| Foto: Ana Kruger

Enquanto aguardam na fila a liberação para ocupar as poltronas o público já participa das primeiras interações com os atores da peça "Breve". Com um tom de recepção de uma festa, os seis atores conversam, se apresentam, contam histórias e fazem com que a plateia tente "se sentir em casa".

Ao longo das quase duas horas de espetáculo, os seis atores em cena discutem o afeto, a saudade, as memórias, o amor de uma forma que em todos os momentos a plateia vai se identificando com as histórias e sentimentos narrados. Com músicas de Marcelo Jeneci, Malu Magalhães, Djavan, a trilha sonora escolhida meticulosamente ambienta e direciona o espectador a se entregar ao rumo da peça.

Após mais de um ano de pesquisa, a companhia baiana Teatro da Queda estreia no Festival de Curitiba e exibe um texto dinâmico com histórias inventadas embaralhadas com depoimentos do próprio elenco. O diretor Thiago Romero explica que a obra propoe o modelo de teatro documentário em que, segundo ele, além dos atores o próprio público se torna personagem.

"A gente usa uma interatividade muito sutil e agradável para que o público possa se colocar durante o espetáculo", fala. Romero afirma que a intenção é não exibir as histórias como algo restrito a vida dos atores e sim torná-las universais.

Mesmo com as bebidas e comidas servidas para o público, nos primeiros momentos muitos na platéia ainda mantinham um olhar ressabiado. Mas com as diversas interações e diálogos, até o fim da peça todos já se sentiam personagens da história. O diretor conta que é a primeira vez que vez à cidade, mas que sentiu o público muito carinhoso e receptivo.

"O afeto pode levar a gente para muitos outros lugares. E essa coisa de compartilhar com o público, pessoas que a gente não conhece, nossas memórias e sentimentos, acaba fortalecendo e amadurecendo o trabalho", ressalta Romero.

A peça traz muito da história do próprio elenco, e o diretor comenta que na arte é impossível o autor não se colocar em sua obra."Mesmo não falando de nós, nós estamos falando de nós. Arte é discurso. Eu não entendo muito quando o artista não sai dele. O próprio Caetano uma vez falou ‘Eu não sei compor se eu não tiver vivendo isso’", afirma.

Thiago Romero também apresenta a peça "Sire Obá" na primeira edição da Mostra Baiana no festival de Curitiba. "Eu acho incrível a gente poder mostrar dentro de um festival tão importante para o país o que tem se produzido de teatro no Bahia. É uma possibilidade dos atores baianos mostrarem seu trabalho fora do estado", elogia.

A última exibição de "Breve" acontece hoje às 19h no teatro da Fiep na Av. Comendador Franco, 1341. Os ingressos custam R$ 30 e R$ 60. Ana Kruger, 3º ano

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