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Marco Nanini foi o primeiro a ter ingressos esgotados para seu monólogo, mas não pôde evitar a marcha rumo à porta | Lina Sumizono
Marco Nanini foi o primeiro a ter ingressos esgotados para seu monólogo, mas não pôde evitar a marcha rumo à porta| Foto: Lina Sumizono

O mesmo público que arrematou rapidamente os ingressos de "A Arte e a Maneira de Abordar seu Chefe para Pedir um Aumento" respondeu burocraticamente à encenação de Marco Nanini na apresentação desta sexta-feira. O Lineu de "A Grande Família" foi, provavelmente, o motivo da grande procura. Estivesse o ator num espetáculo realista de comédia, com elenco de apoio, e provavelmente a recepção seria outra.

Mas Nanini fazia num monólogo uma sátira ao linguajar das corporações, simulando um organograma das chances de um funcionário de sair bem sucedido de um pedido de aumento.

O cenário contribui sobremaneira para o efeito de seus movimentos, acompanhados por projeções. A cenas são apoiadas por ótima luz, trilha sonora boa mas com qualidade de som ruim nesta apresentação, e uma comédia de repetição que aborreceu alguns.

Já que nos primeiros anos do festival, na década de 90, a crítica especializada destacava como uma característica da plateia curitibana a grande exigência, sob o risco de ela deixar o recinto antes do final, seria possível dizer que nada mudou. Uma dezena de pessoas subiu a rampa do Teatro Marista em direção à porta sem cerimônia durante a peça – com destaque para a moça da bota de saltos sonoros.

Quem ficou riu, sim, nos momentos oportunos, mas sem tanta ênfase. Inevitável aquela olhadinha no celular, que faz brilhar uma luz azul no meio da plateia e incomoda quem está em volta...A representação do ator é sempre excelente, seja dirigido por Felipe Hirsch, Gerald Thomas ou Guel Arraes, como aqui.

O texto de Georges Perec com tradução de José Almino, no entanto, não tira o devido partido da repetição que é seu mote, conduzindo a um clímax que perde força pela anunciação do que está por vir."Para simplificar, porque sempre é importante simplificar", Nanini já fez trabalhos bem melhores e certamente ainda os fará.

**Quando o estacionamento lotou bem antes do início do espetáculo, alguns questionaram por que o mesmo não ocorreu na apresentação do dia anterior, com "Parlapatões Revistam Angeli". O funcionário respondeu na lata: "Simples. Ontem tinha 680 pessoas, e hoje, 1.105".

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