Opinião
Festa de rua virou "batata- quente" e seu futuro não é garantido
Sandro Moser
Os 50 m² do Torto Bar têm agitado a política local. Tanto o prefeito Gustavo Fruet (em campanha), quanto o governador Beto Richa (para uma "despretensiosa" sinuca) passaram por lá recentemente. Em questão, a Quadra Cultural, o festival de música de rua que desde 2008 traz artistas locais e um nome da "velha guarda" da MPB.
A festa é uma inusitada ocupação do bairro São Francisco e faz parte de um "pacote de eventos privados com função pública" adotados pela cena cultural da cidade (os Garibaldis e Sacis, o Psycho Carnival e o Paiol Literário são outros exemplos).
A mudança de gestão municipal em 2013 obrigou a rediscussão de todos. Os eventos de Carnaval foram repaginados e saíram. O Paiol, politizado, deu polêmica braba e mudou de casa e cara. O futuro da Quadra é incerto, pois virou "batata quente" política, justo no momento em que a polarização deve se exacerbar.
Neste caso, não ajudam extremismos como o episódio da corrente que soa a chantagem. A solução depende de tanto de Richa, quanto de Fruet. Como em política tudo é possível, talvez os vejamos juntos na Quadra, em abril. Meu palpite é que isso não vai acontecer.
O impasse na realização da edição 2014 da Quadra Cultural tem servido para opor o governo estadual e a prefeitura de Curitiba em pleno ano eleitoral.
A solução do problema, no entanto, depende de atuações técnicas e políticas complementares das duas esferas da administração pública.
No início do mês de fevereiro, em reunião da Comissão Permanente de Análise de Eventos de Grande Porte (Cage), o representante da Polícia Militar disse que não há condições de segurança exigidas por lei para a realização da Quadra.
A decisão mudou o foco do caso, até então pivô de uma polêmica entre o idealizador do evento, o empresário Arlindo Ventura, o Magrão, e a Fundação Cultural de Curitiba (FCC), que agitou a cena política local (leia mais abaixo).
Na última quinta-feira, o idealizador do evento, Magrão, radicalizou a negociação: acorrentou-se em frente à Prefeitura com a promessa de que só sairia do local depois que o prefeito o atendesse pessoalmente o que ocorreu em poucos minutos.
"Estava preparado para passar o fim de semana todo. Sei que não é a melhor forma de reivindicar, mas estou sozinho nessa e foi o que me sobrou", justifica Magrão.
Na versão do empresário, o prefeito teria se comprometido a buscar soluções para o financiamento da Quadra cuja realização e incorporação ao calendário oficial da cidade foi promessa de campanha de Fruet , desde que conseguidas as liberações exigidas na reunião do Cage.
Segundo a assessoria de Comunicação da Prefeitura, não há o que a administração municipal possa fazer após a negativa da Polícia Militar.
A assessoria do governo estadual, no entanto, afirmou que o governador Beto Richa determinou que desde que cumprida a legislação e que a Prefeitura se comprometa com a parte que lhe cabe a secretaria estadual de Segurança garante a realização do evento.
Polêmica
Até 2013, a realização da Quadra era custeada por uma verba de R$ 50 mil, proveniente de uma emenda parlamentar da então vereadora Renata Bueno (PPS). O resto das despesas, incluindo segurança privada e estrutura para shows, era custeado com recursos privados do organizador.
Para 2014, porém, o empresário não conseguiu emendas ao orçamento de Curitiba na Câmara Municipal, nem foi selecionado para obter recursos via Lei de Mecenato.
Magrão alega ter procurado a FCC no mês de outubro do ano passado para formular um projeto conjunto para custear a Quadra com recursos de uma emenda parlamentar do deputado Rubens Bueno (PPS). O projeto de requisição da emenda, no entanto, não foi apresentado em tempo hábil e a emenda não saiu.
Segundo Magrão, a negativa do presidente da FCC, Marcos Cordiolli, ocorreu porque Bueno é de um partido que faz oposição ao governo federal do PT.
Em entrevista à Gazeta do Povo, Cordiolli negou a versão e disse que como o empresário não apresentou projeto em tempo hábil e o evento é privado, a FCC não poderia dar apoio que não fosse a cessão da estrutura para o evento.
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