La Borinqueña: conexão com Porto Rico| Foto: Edgar Miranda-Rodriguez/Divulgação

Inspirada no hino nacional de Porto Rico, que tem o mesmo nome, a super-heroína La Borinqueña – uma mulher chamada Marisol Rios De La Luz, que veste um traje inspirado pela bandeira porto-riquenha – fará sua estreia esse verão no Desfile do Dia de Porto Rico, no dia 12 de junho. Ela também vai aparecer em uma revista em quadrinhos a ser impressa no outono durante um evento organizado por Miranda-Rodriguez chamado “Café Con Comics” (Café com quadrinhos). O evento será realizado no campus da Universidade da Cidade de Nova York no Leste do Harlem, uma vizinhança historicamente porto-riquenha.

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O evento celebrará contribuições porto-riquenhas à indústria de histórias em quadrinhos, assim como a chegada da mais nova heroína de Edgardo Miranda-Rodriguez.

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Miranda-Rodriguez anunciou a futura estreia de sua super-heroína durante uma coletiva de imprensa sobre o 59º Desfile anual do Dia Nacional de Porto Rico, em Manhattan.

“Essa história em quadrinhos que estou escrevendo com meu time não vai resolver a crise fiscal em Porto Rico, mas vai abrir o diálogo de uma maneira que pode ser aceita e compreendida por uma audiência mais ampla, que vai absorvê-lo, aprender com ele, e também agir a partir dele”, disse Miranda-Rodriguez, cujos talentosos colaboradores incluem o desenhista e arte-finalista Emilio Lopez, o colorista Joan Fernandez, o editor Matt Barbot e o desenhista e arte-finalista Elliot Fernandez – todos de origem porto-riquenha.

La Borinqueña tem os poderes da natureza – tais como furacões, o mar e o sol – e protege Porto Rico contra desastres naturais. Seu maior poder, diz Miranda-Rodriguez, será mostrar aos porto-riquenhos – aqueles na ilha ou nos Estados Unidos – que o poder para fazer de Porto Rico um país melhor está dentro deles, tanto quanto está dentro dela.

“Não é sobre [os poderes dela], mas sobre o que o personagem representa”, diz Miranda-Rodriguez. “Ela está aqui para lembrá-los que o poder do nosso povo vem do nosso povo. Não temos de pedir nada quando ele já está dentro de nós. É uma narrativa que vai nos lembrar de nós mesmos. Sempre tivemos o poder. Sermos porto-riquenhos é o nosso superpoder.”

Foi a história da Marvel com Vó Estela – a que tocou tantos leitores – que levou Miranda-Rodriguez à criação de outros heróis de quadrinhos porto-riquenhos. Ele diz que há poder naqueles quadrinhos quando você é capaz de ver a si mesmo por meio da arte.

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“As pessoas viram a si mesmas. E quando você vê a si mesmo, isso é empoderador”, disse Miranda-Rodriguez. “Quando você ouve sua história, você reconhece pela primeira vez que você tem esse superpoder.”

Como surgiu a personagem

A arte da colaboração foi incutida em Edgardo Miranda-Rodriguez desde cedo, quando aprendeu a fazer os clássicos pasteis latino-americanos com sua avó.

A preparação dos pasteis – que demandam tempo e, se você tiver sorte, a colaboração de mais uma pessoa – é o que há de máximo em trabalho de equipe, diz Miranda-Rodriguez, ao notar que as lições aprendidas cozinhando com sua “abuela” (avó) o acompanharam no seu trabalho na indústria das histórias em quadrinhos.

“Eu estaria na cozinha, triturando bananas verdes para fazer farinha, mesmo que as juntas dos meus dedos raspassem no triturador”, conta Miranda-Rodriguez. “Esse é meio que o roteiro da minha vida. Juntar-se para criar algo, mas, ao mesmo tempo, reconhecendo que o DNA da minha existência vem da minha identidade porto-riquenha.”

Conforme Miranda-Rodriguez continua a deixar sua marca como um editor e roteirista de quadrinhos, ele diz que nunca se esquece de quem é ou, crucialmente, de onde vem. Esses elementos, diz, estão sempre no núcleo do que produz.

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Seu amor pela arte começou durante sua juventude nos anos 80, quando coletava garrafas recicláveis para ganhar uns trocados e usava o dinheiro para comprar revistas em quadrinhos – as quais, diz, custavam, ainda bem, apenas 50 centavos na época.

“Guerra Civil”

Ele até tentou seu um jovem empreendedor em se tratando de super-heróis. Quando estava na escola no sul do Bronx, em Nova York, seus amigos o viram rabiscar super-heróis em seu caderno e começaram a pedir para que desenhasse histórias originais para eles.

Miranda-Rodriguez ia para casa e, depois de terminar seu dever de casa, gastava o resto da noite desenhando as histórias em quadrinhos requisitadas por seus amigos. Ele estava até desenhando guerras civis entre super-heróis décadas antes que Hollywood contasse histórias desse tipo.

Vender revistas em quadrinhos feitas em casa era um plano de negócios que teria potencial de crescimento não fosse por um fator: assim que vendia uma primeira edição para um colega de classe, ele compartilhava a revista com os demais, impedindo a venda de cópias daquela edição. Mesmo assim, a paixão de Edgardo estava estabelecida.

Seu amor pela cultura dos quadrinhos levaria Miranda-Rodrigues, que vive na área de Williamsburg do Brooklyn, em Nova York, a ser apresentado ao artista do hip-hop Darryl “DMC” McDaniels, famoso por participar do grupo Run-DMC. Também conheceria com o editor-chefe da Marvel Comics, Axel Alonso.

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Miranda-Rodriguez é hoje editor-chefe do selo DMC de quadrinhos, de McDaniels. Também ajudou na curadoria de exibições que contaram com grandes talentos da Marvel Comics. Eventualmente, ele e McDaniels começaram a bolar ideias que poderiam propor à Marvel.

O resultado foi uma única história curta que apareceu em uma revista da Marvel, Guardiões do Infinito nº 3, que contou com a criatura em forma de árvore Groot, dos Guardiões da Galáxia, assim como o Coisa, famoso pela participação no Quarteto Fantástico.

Raízes

Miranda-Rodriguez antecipava que o Coisa, que foi desenhado no estilo DMC, poderia ser o personagem a respeito do qual os leitores de seu projeto na Marvel mais comentariam. Ou talvez o fato de que seu Groot falante do espanhol diz “yo soy Groot”. Ao invés disso, ficou surpreso ao descobrir que aquilo a respeito do que os fãs mais comentaram foi Vó Estela, uma personagem criada por ele que está convencida de que Groot está conectado com as árvores mafumeiras ligadas aos Taínos, antigos habitantes de Porto Rico.

Miranda-Rodriguez conectou-se com a comunidade latina de leitores de quadrinhos fazendo o que sempre faz: reconhecendo suas raízes e aplicando isso no seu trabalho, não importa a mídia em questão. Como resultado, muitas instituições porto-riquenhas começaram a contatá-lo, inclusive os organizadores do Desfile do Dia Nacional de Porto Rico em Nova York. Eles disseram a Miranda-Rodriguez que estavam animados para colaborar com ele.

“Todas essas organizações culturais, educacionais e políticas [que representam Porto Rico] estão me contatando? Isso é loucura”, Miran-Rodriguez lembra ter pensado – conforme Vó Estela se conectava com seus leitores.

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Então Miranda-Rodriguez deu aos organizadores do Desfile do Dia de Porto Rico uma ideia: fazer uma apresentação durante o desfile baseada em um novo super-herói porto-riquenho.

“Propus aos organizadores e disse: ‘e se fizéssemos uma história em quadrinhos original, e isso fosse uma colaboração entre o meu estúdio [Somos Arte] e o desfile?’ E eles amaram a ideia”, disse Miranda-Rodriguez. “Era algo que nunca tinha sido feito antes.”

Então ele se propôs a criar um herói que representaria a cultura porto-riquenha e lançar luz sobre questões que pesam nas mentes de muitos na comunidade porto-riquenha.

“Nenhum porto-riquenho pode pensar em sua herança cultural e da ilha de onde vem e não começar a pensar sobre a atual crise financeira que assola Porto Rico”, disse Miranda-Rodriguez.

O criador de quadrinhos decidiu que seu herói não seria simplesmente um combatente do crime, mas, em vez disso, um símbolo de Porto Rico que pudesse lançar luz sobre questões que Miranda-Rodriguez sentia que deveriam estar nas mentes de todos os porto-riquenhos.

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Dessa forma, nasceu La Borinqueña.