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Tatuagem, de Hilton Lacerda,conta a história de Clécio e Fininha | Flavio Gusmão/Divulgação
Tatuagem, de Hilton Lacerda,conta a história de Clécio e Fininha| Foto: Flavio Gusmão/Divulgação

Destaques

Confira alguns altos e baixos da 41ª edição do Festival de Cinema de Gramado:

Sobe

Curadoria

Curadores conseguiram reunir filmes com qualidade cinematográfica e de bom apelo para o público. Longas como o pernambucano Tatuagem, de Hilton Lacerda, e o documentário Revelando Sebastião Salgado, de Betse de Paula, são os favoritos ao kikito.

História

O festival realizou debates e discussões com grandes nomes do cinema brasileiro. Um deles foi com o cineasta Roberto Farias, que falou sobre o prêmio Eduardo Abelin concedido ao Canal Brasil, do qual é sócio. Na conversa, Farias anunciou que prepara um longa-metragem ficcional sobre o presidente João Goulart. "Depois disso, vou pendurar as chuteiras", declarou.

Desce

Divulgação

O público reclamou da divulgação dos filmes do Festival de Cinema de Gramado algo que, de fato, está menos aparente pela cidade.

Ingressos sobrando

Mesmo com a organização anunciando o esgotamento de ingressos para várias sessões, o que se viu na sala de exibição foram várias cadeiras vazias, principalmente as reservadas, geralmente, ingressos direcionados e distribuídos como cortesia.

  • Fora do evento, Palácio dos Festivais realiza sessões apenas de sexta-feira a domingo

Na 41.ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que termina na noite de hoje com a revelação do grande vencedor da noite – que receberá o Kikito de Ouro – ficou claro para quem acompanhou o evento a cuidadosa seleção dos filmes participantes. A curadoria, a cargo do jornalista e crítico Rubens Ewald Filho, do ator José Wilker e do crítico e professor gaúcho Marcos Santuario, procurou filmes de boa qualidade, mas com certo apelo de público, o que agradou aos cinéfilos. No entanto, o festival, que tem patrocínio de grandes empresas, como Petrobras e Oi, ainda não consegue atrair os moradores da própria cidade.

Falta de ingressos, horários ruins para quem trabalha no comércio e hotelaria – segmentos econômicos essenciais de Gramado e que empregam boa parte da população – são alguns dos impedimentos citados por gramadenses entrevistados pela Gazeta do Povo, e que acabam os afastando do festival. "Não é algo que envolve a comunidade. Fora que, nessa época do festival, trabalhamos até às 21 horas, nem temos tempo parar ir. Além disso, é difícil ter ingresso", diz a vendedora Camila Reis.

De acordo com um dos coordenadores do festival, Ralfe Cardoso, os bilhetes são sim um gargalo, já que o Palácio dos Festivais, lugar onde os filmes são exibidos, na área central de Gramado, tem capacidade para pouco mais de 800 pessoas. Somando as cotas de distribuição gratuita – 10% vai para a Secretaria de Estado da Cultura, que direciona os convites para a comunidade –, há ainda os convites para empresas e demais convidados (atores e equipes dos filmes). "Por isso, não podemos colocar à venda tantos ingressos quanto gostaríamos", explica. Os bilhetes, que custam R$ 20 e R$ 10 (valor da meia-entrada), se esgotaram para todos os dias logo no início da semana. Entretanto, nas noites de quarta e quinta-feira o Palácio não lotou, e várias cadeiras reservadas ficaram vazias.

Apesar de sediar o festival, a cidade também não tem uma cultura cinematográfica – há ações de formação de plateia nas escolas públicas durante o evento, mas ir ao cinema não é o programa preferido do gramadense – a cidade, aliás, nem conta com um espaço que tenha programação constante. A única sala de Gramado é o próprio Palácio, e a programação acontece somente de sexta-feira a domingo. Os filmes em cartaz, conta a vendedora gramadense Suzete Maria da Conceição deixam a desejar. "Sempre são coisas atrasadas. Lançamentos, ou você compra um DVD pirata ou baixa algo na internet para poder ver. Para cá, se vir alguma coisa, será bem atrasado. Fora que Gramado tem muitas opções de passeio, natureza. As pessoas acabam fazendo outros programas."

Globais

Trazer grandes celebridades – um chamariz para o público, é algo cada vez menos presente em Gramado. Na homenagem ao ator Wagner Moura na abertura do festival, no sábado passado, seguranças tiveram que intervir por conta do assédio do público, mas essa foi a única situação exacerbada. Outras estrelas globais, como o ator Rodrigo Lombardi (que teve um papel curto no filme Os Amigos, de Lina Chamie, seu primeiro trabalho no cinema), e até mesmo a atriz Glória Pires (que recebeu o Troféu Oscarito), não causaram tanto furor. Além disso, há poucos atores convidados fora os que estão no elenco dos filmes, escolha que não é uma estratégia, e sim falta de verba para pagar cachê aos atores, assume a organização. "Não pagamos cachês, nenhum vem hoje por conta de dinheiro", diz Cardoso.

Escolhas

Um dos curadores da 41.ª edição, Rubens Ewald Filho salienta que o foco desse ano foi a diversificação. "Repetimos a linha criada no ano passado. Como as outras haviam sido muito mal sucedidas, não quisemos repetir o mesmo erro." Filmes muito "obscuros e difíceis", de acordo com Filho, foram a falha de edições passadas. "Gramado tem uma obrigação com o turismo, é uma festa o festival. É algo consagrado, então não podemos exibir aqui filmes muito pesados, mas também não podemos deixar de fora certos filmes ousados e provocativos cinematograficamente, coisa que fizemos aqui." O curador cita a escolha do filme pernambucano Tatuagem, de Hilton Lacerda (Amarelo Manga e Febre de Rato). "Nunca passou um filme desses aqui", destaca Filho. O longa, aliás, é um dos favoritos do festival, mas o curador acredita que toda a programação teve boa acolhida. "Vamos ver... agora eu fico nervoso, no fundo sou culpado (risos)." A cerimônia de premiação acontece hoje, às 21 horas.

A jornalista viajou a convite da Oi.

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