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Livro

Quando é preciso pular o mundo

O escritor norte-americano Jonathan Tropper trata do luto e da superação do que parece sem fim no romance Como Falar com um Viúvo

Tropper, 40 anos, casado e com filhos, discute a perda de um grande amor em uma longa narrativa | Michael Turek/Divulgação
Tropper, 40 anos, casado e com filhos, discute a perda de um grande amor em uma longa narrativa (Foto: Michael Turek/Divulgação)

Uma história de amor, por mais óbvio que a frase soe, acaba. Quase tudo nesse vasto mundo conspira para que um relacionamento venha a ter um ponto final. O medo e as suas variações, ciúme por exemplo, são algumas das muitas forças e possibilidades que concorrem para que um casal venha a se separar. E como se as alternativas não fossem suficientes, há ainda uma outra maneira de encerrar uma trajetória a dois: quando um dos parceiros morre.

O escritor norte-americano Jonathan Tropper trata justamente dessa situação (a morte de um dos parceiros) no romance Como Falar com um Viúvo. Doug tinha 28 anos e a perspectiva de um futuro a ser compartilhado com a sua esposa, Hailey, de 39. Mas um acidente inesperado tira a vida dela. A partir disso que se desenrola, por 270 páginas, a narrativa.

O romance tem qualidades. É bem escrito, e isso significa que, como dizem, palavra chama palavra e, quando o leitor percebe, o livro já está no final. Mas, se a linguagem é fluente, isso não significa que se trata de uma obra leve. A problematização literária diz respeito à superação de uma perda irreparável. O protagonista vivencia, com não pouco sofrimento, uma temporada de luto que parece sem fim, mas que será superada.

O que chama a atenção como aspecto positivo, literariamente falando, é a maneira como o autor apresenta o protagonista tentando sair do fundo do poço, que é o local ou situação onde ele se encontra imediatamente após a morte da esposa.

Doug, em um primeiro momento, hesita e afirma não querer mais se envolver com nenhuma mulher. Aos poucos, permite-se um flerte aqui, uma transa (sem compromisso) ali, outra lá, menos, é claro, na cama onde ele e a sua ex-esposa dividiam uma intimidade que ele sempre buscou, encontrou e perdeu.

Há uma sequência de quatro frases que se repetem, em diversos momentos ao longo do livro, e que funcionam como mantra e indicativo do estado emocional de Doug: "Eu tinha uma esposa. Seu nome era Hailey. Agora ela se foi. E eu também."

O processo de enfrentamento e superação do luto inclui uma exposição pública do drama íntimo por meio de uma coluna que o protagonista assina em um jornal de grande circulação.

Ao final, o protagonista estará transformado. Mas, antes disso, ele terá de passar por uma série contínua de provações. Doug herdou o filho da mulher, Russ, um adolescente problemático que, ao entrar em rota de colisão com o pai (Jim), provoca considerável desgaste emocional ao protagonista. Além disso, uma de suas irmãs encarrega-se de eleger candidatas a futura esposa, e Doug têm de se submeter a encontros que, mais do que constrangedores, tornam-se quase traumáticos.

A coluna que Doug publica na imprensa, em que fala da perda da esposa, obtém repercussão e ele recebe um convite para escrever um livro que, o leitor tende a perceber um pouco antes do fim, trata-se do próprio Como Falar com um Viúvo.

Este livro, lançado originalmente em 2007, obteve sucesso de venda nos Estados Unidos e está sendo publicado no Brasil pela Sextante, a conhecida editora que domina as listas de mais vendidos e publica obras de Dan Brown, William P. Young (A Cabana) e alguns títulos de Augusto Cury.

Como Falar com Um Viúvo se tornará um fenômeno editorial no Brasil? Difícil dizer. Mas a obra, no mínimo, alia o prazer da leitura com sorriso e lágrimas no rosto, e é ponto de partida para reflexões sobre finais e começos. GGG

Serviço: Como Falar com um Viúvo. Jonathan Tropper. Sextante. 272 págs. R$ 29,90. Romance.

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