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Tropper, 40 anos, casado e com filhos, discute a perda de um grande amor em uma longa narrativa | Michael Turek/Divulgação
Tropper, 40 anos, casado e com filhos, discute a perda de um grande amor em uma longa narrativa| Foto: Michael Turek/Divulgação

Saiba mais Jonathan Tropper

Jonathan Tropper é um escritor nova-iorquino, hoje com 40 anos, autor de livros como Plano B e Como Falar com um Viúvo. Além disso, é roteirista. Ele escreveu o roteiro de Harvey, refilmagem de um clássico sobre um coelho invisível, que será dirigido por Steven Spielberg.

No momento, Tropper escreve o roteiro de Como Falar com um Viúvo, que está sendo negociado com a Paramount Pictures, empresa que já demonstrou interesse em filmar o romance.

De acordo com o jornal The New York Times, Como Falar com um Viúvo é um livro comovente, apesar de conter piadas um tanto cruéis sobre o assunto (a perda de uma esposa).

Na internet: http://jonathantropper.com.

Trecho de Como Falar com um Viúvo, de Jonathan Tropper.

"Mesmo antes de me casar, nunca gostei de frequentar esse tipo de clube (de striptease). Não por princípios morais nobres nem pelo fato de isso transformar as mulheres em objetos – acho que as mulheres têm o direito de ser tratadas como objetos se assim escolherem –, mas porque não consigo deixar de me ver através dos olhos das dançarinas: um idiota assexuado, demasiado patético para conseguir mulheres por conta própria. No entanto, desde que Hailey morreu, os caras casados me consideram a desculpa perfeita para empreender essas viagens. Ir a um clube de striptease pode ser um ato de misoginia deprimente e desprezível."

Uma história de amor, por mais óbvio que a frase soe, acaba. Quase tudo nesse vasto mundo conspira para que um relacionamento venha a ter um ponto final. O medo e as suas variações, ciúme por exemplo, são algumas das muitas forças e possibilidades que concorrem para que um casal venha a se separar. E como se as alternativas não fossem suficientes, há ainda uma outra maneira de encerrar uma trajetória a dois: quando um dos parceiros morre.

O escritor norte-americano Jonathan Tropper trata justamente dessa situação (a morte de um dos parceiros) no romance Como Falar com um Viúvo. Doug tinha 28 anos e a perspectiva de um futuro a ser compartilhado com a sua esposa, Hailey, de 39. Mas um acidente inesperado tira a vida dela. A partir disso que se desenrola, por 270 páginas, a narrativa.

O romance tem qualidades. É bem escrito, e isso significa que, como dizem, palavra chama palavra e, quando o leitor percebe, o livro já está no final. Mas, se a linguagem é fluente, isso não significa que se trata de uma obra leve. A problematização literária diz respeito à superação de uma perda irreparável. O protagonista vivencia, com não pouco sofrimento, uma temporada de luto que parece sem fim, mas que será superada.

O que chama a atenção como aspecto positivo, literariamente falando, é a maneira como o autor apresenta o protagonista tentando sair do fundo do poço, que é o local ou situação onde ele se encontra imediatamente após a morte da esposa.

Doug, em um primeiro momento, hesita e afirma não querer mais se envolver com nenhuma mulher. Aos poucos, permite-se um flerte aqui, uma transa (sem compromisso) ali, outra lá, menos, é claro, na cama onde ele e a sua ex-esposa dividiam uma intimidade que ele sempre buscou, encontrou e perdeu.

Há uma sequência de quatro frases que se repetem, em diversos momentos ao longo do livro, e que funcionam como mantra e indicativo do estado emocional de Doug: "Eu tinha uma esposa. Seu nome era Hailey. Agora ela se foi. E eu também."

O processo de enfrentamento e superação do luto inclui uma exposição pública do drama íntimo por meio de uma coluna que o protagonista assina em um jornal de grande circulação.

Ao final, o protagonista estará transformado. Mas, antes disso, ele terá de passar por uma série contínua de provações. Doug herdou o filho da mulher, Russ, um adolescente problemático que, ao entrar em rota de colisão com o pai (Jim), provoca considerável desgaste emocional ao protagonista. Além disso, uma de suas irmãs encarrega-se de eleger candidatas a futura esposa, e Doug têm de se submeter a encontros que, mais do que constrangedores, tornam-se quase traumáticos.

A coluna que Doug publica na imprensa, em que fala da perda da esposa, obtém repercussão e ele recebe um convite para escrever um livro que, o leitor tende a perceber um pouco antes do fim, trata-se do próprio Como Falar com um Viúvo.

Este livro, lançado originalmente em 2007, obteve sucesso de venda nos Estados Unidos e está sendo publicado no Brasil pela Sextante, a conhecida editora que domina as listas de mais vendidos e publica obras de Dan Brown, William P. Young (A Cabana) e alguns títulos de Augusto Cury.

Como Falar com Um Viúvo se tornará um fenômeno editorial no Brasil? Difícil dizer. Mas a obra, no mínimo, alia o prazer da leitura com sorriso e lágrimas no rosto, e é ponto de partida para reflexões sobre finais e começos. GGG

Serviço: Como Falar com um Viúvo. Jonathan Tropper. Sextante. 272 págs. R$ 29,90. Romance.

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