Pré-estreia
KinoClown Sob o Risco do Ridículo
Caixa Cultural Curitiba (R. Conselheiro Laurindo, 280 Centro), (41) 2118-5111. Hoje, às 20 horas. Classificação indicativa: 16 anos. Ingressos: Entrada franca. Os convites devem ser retirados a partir das 19 horas na bilheteria do teatro. Capacidade: 125 lugares (2 para cadeirantes).
Todos somos, ou podemos ser, um pouco palhaços na vida, até mesmo quando estamos, aparentemente, em posições de comando, como é o caso dos diretores de cinema.
Mas há quem tenha, de fato, as duas profissões: a de realizador e a de palhaço. É o caso do cineasta Bruno Mancuso, que exibe hoje, em pré-estreia, às 20 horas, na Caixa Cultural de Curitiba, o documentário KinoClown Sob o Risco do Ridículo.
Apos a exibição do filme, codirigido por Camila Jorge e Jessica Candal, haverá um bate-papo entre o público e os realizadores do filme, feito com incentivo da Caixa Econômica Federal por meio da Lei de Mecenato Municipal.
Em entrevista concedida por telefone à reportagem da Gazeta do Povo, Mancuso contou que a ideia do documentário surgiu de uma inquietação sua como cineasta. E, também, como palhaço ele não apenas tem formação nessa arte, como vem fazendo apresentações em hospitais e agora prepara um espetáculo, com o título provisório de O Carteiro, com estreia prevista para agosto, no Miniauditório do Teatro Guaíra.
Para o diretor, havia uma aproximação entre o ofício de ser palhaço e o de cineasta. Aos 31 anos de idade, o diretor, formado em Cinema na Escola de Comunicação e Arte (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), vê que assim como o sujeito que pinta o rosto e põe um nariz vermelho, o realizador de documentários, de certa maneira, também veste uma máscara. Portanto, não deixa de ser um pouco palhaço.
A aposta de Mancuso e de seus parceiros a cineasta Jessica Candal, 30, ex-colega de USP e sua mulher, Camila Jorge, palhaça profissional é que os três, ao se apropriarem das técnicas de clown, conseguissem transformar e, quem sabe, aproximar a relação do documentarista com o "outro". No caso, esse outro seria o documentado, do qual o realizador se manteria a uma certa distância, protegido talvez, ou simplesmente separado, pela barreira/escudo da câmera.
"Não sei se fomos bem-sucedidos, isso vamos descobrir hoje, na pré-estreia, quando o público reagir ao nosso filme, mas fizemos uma série de descobertas", diz Mancuso, que ao lado de seus companheiros "kinoClowns", também se colocou diante da câmera como personagem.
"Existe uma relação de status entre quem tem o domínio do dispositivo audiovisual e da elaboração do material-discurso e quem não tem. O documentário nasce do desejo de encontrar modos alternativos de estabelecer essas relações, se aproveitando da convenção do palhaço para isso."
Para o diretor, ao aparecer na condição do ridículo, o documentarista fica desprotegido e fragilizado, facilitando, quem sabe, sua relação com o documentado. Tema a se discutir.
Deixe sua opinião