O desconforto que acompanha um filme de Noah Baumbach tem a ver com os personagens que ele cria. Sem passar pelos cinemas, Greenberg sai agora em DVD e pode ser considerado o ápice (até aqui) desse esforço do cineasta que fez Margot e o Casamento (2007) e A Lula e Baleia (2005).
Ben Stiller vive Roger Greenberg, um sujeito quarentão, solteiro e cheio de problemas. Ele não é mais adolescente o que é óbvio , mas também não parece um adulto. Habita uma região intermediária entre um e outro, não se sente confortável em nenhum dos dois papéis e já não sabe mais para onde escapar.
A família e os amigos como Ivan (o britânico Rhys Ifans, de Natureza Quase Humana) estão seguindo com suas vidas, mas Greenberg não. Ele fica remoendo o sucesso musical que não teve com a banda formada na juventude e os ex-integrantes o culpam por uma chance perdida.
Quando perguntam em que trabalha, Greenberg só consegue dizer que está "entre trabalhos", saindo de um para entrar em outro, embora ainda não saiba o que seja esse "outro". Está aprendendo carpintaria, teve um colapso nervoso e chegou a ser internado numa clínica. Precisa tomar remédios e, tirando o irmão, ninguém mais tem saco para lidar com suas idiossincrasias.
Então ele conhece Florence (Greta Gerwig) e sua vida, enfim e com muito custo, pode tomar um rumo. Mas não se trata de um romance nem tampouco de uma comédia. O drama de Greenberg irrita porque ele é tão antipático e chato quanto qualquer um (fora do filme) pode ser. Fica difícil se interessar por ele. GG
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